O dólar subiu os cinco dias da semana. Uma seqüência de altas assim não era vista no mercado brasileiro desde agosto do ano passado. A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 2,72, um avanço modesto de 0,18%, mas acumulou em toda a semana uma valorização de 2,37%.
O Banco Central é o principal responsável pela mudança do patamar do dólar, que chegou a ter uma mínima de R$ 2,55 no mês passado. A política de intervenções do governo no mercado de câmbio começou a surtir efeito, calando as críticas sofridas desde o final do ano passado. O BC era acusado de ter uma atuação ?tímida? e ?ineficaz? no mercado.
De fato, a postura da autoridade monetária está mais agressiva nos leilões de compra de divisas. Isso significa que o BC está adquirindo um volume maior de divisas. Estima-se uma média de aquisições na casa dos US$ 300 milhões por leilão. No início de dezembro, esse valor estava na casa dos US$ 100 milhões.
Segundo operadores, a preocupação do governo é evitar que o câmbio desfavorável às exportações vire uma arma política um ano antes das eleições presidenciais. Atualmente, os ataques dos exportadores contra o dólar barato ganharam uma ressonância de apelo popular.
Os anúncios de demissões em setores do comércio exterior, como os calçadistas, jogaram uma discussão técnica, antes restrita aos bancos, para os destaques dos telejornais. Os exportadores cobram um dólar na casa de R$ 3.
Outro aspecto da atuação do BC foi o anúncio, na sexta-feira passada, de mudanças nas normas cambiais, que entram em vigor na próxima segunda-feira. No começo da semana, os exportadores evitaram fechar contratos por causa das dúvidas em relação ao efeito das medidas.
Mas essas incertezas diminuíram, regularizando um pouco o fluxo de entrada de recursos, o que acabou aliviando a pressão sobre as cotações. Pela manhã, o dólar chegou a cair e ser negociado abaixo de R$ 2,70, mas voltou a subir após a realização de um leilão de compra de divisas pelo BC.
Nos últimos dias, os bancos tiveram acesso aos detalhes das novas regras e avaliam que o pacote desburocratiza e reduz o custo das remessas. Na sexta passada, o CMN (Conselho Monetário Nacional) aprovou a unificação das taxas flutuante e livre, flexibilizou prazo de ingresso de divisas pelo exportador e permitiu o envio de dinheiro para fora sem necessidade da CC5 (conta de não-residente) e intermediários.
Na próxima semana, os investidores vão aguardar com ansiedade o resultado da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) sobre os juros. O anúncio ocorre na quarta-feira.