A Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Paranaguá (Aciap) divulgará ao público hoje um documento que relata os principais problemas vividos no porto e as conseqüências geradas pela restrição ao embarque de transgênicos. Com dados numéricos e estatísticos, a Carta Aberta em Defesa de Paranaguá, como foi batizado o relatório, pontua ainda questões como o relacionamento entre a administração portuária e os trabalhadores avulsos do porto, além da repercussão da fuga de cargas para portos concorrentes como fontes da crise vivida na cidade. O objetivo é sensibilizar a bancada federal paranaense para intervir na situação e, além disso, angariar investimentos ao porto de Paranaguá.

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Para o presidente da câmara setorial de relações com a imprensa da Aciap, Antônio Carlos Almeida Corrêa, as restrições aos transgênicos e falta de recursos para melhorias na infra-estrutura do porto – como a necessidade de dragagem para conter o assoreamento da baía – têm feito exportadores e importadores migrarem seus negócios para portos concorrentes, no Estado vizinho. ?Os portos de Itajaí e São Francisco do Sul – em Santa Catarina -, que são nossos maiores concorrentes, têm recebido investimentos do governo federal e levado nossa carga?, cita.

Ele exemplifica que São Francisco aumentou suas exportações de cem mil toneladas de soja para os atuais dois milhões de toneladas incrementando-as com produto transgênico. ?E no Paraná, mesmo com todo o crescimento de produção que tivemos, neste primeiro trimestre do ano o embarque de soja em Paranaguá diminuiu, se comparado com o mesmo período do ano passado?, reclama. Ainda de acordo com Corrêa, os portos concorrentes, diferentemente de Paranaguá, têm sido foco de altos investimentos federais – o que seria devido à maior cooperação entre trabalhadores portuários, exportadores e produtores naquelas localidades.

Para Corrêa, os efeitos das restrições e da falta de recursos devem ser sentidos, principalmente no ano que vem, uma vez que os contratos de exportação são fechados com seis meses a um ano de antecedência. Cooperativas paranaenses estariam, inclusive, tentando relocar suas cargas de soja para Paranaguá, uma vez que teriam fechado contrato de embarque em São Francisco do Sul antes da liminar do Juízo Federal de Paranaguá que permitiu a exportação de transgênicos pelo porto paranaense. ?Mas é um processo lento, em que tem-se de renomear os navios?, diz. Além disso, somente a liberação parcial dos terminais para embarque de transgênicos também implica em dúvidas e prejuízos. ?Não basta liberar apenas alguns terminais, porque eles são concorrentes entre si; e como os contratos são fechados antes, o empresário teme arriscar, uma vez que não sabe como vai estar a situação no ano que vem?, justifica.

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Antônio Corrêa pontua que as restrições são complementadas por um mau relacionamento entre a administração portuária, empresários e empregados do porto, ocasionando falta de participação nas decisões e a não relevância do interesse coletivo. ?Com isso, há queda no ganho do trabalhador portuário avulso, o que resulta também em perdas no comércio da cidade e desemprego.? Para ele, o porto, que deveria funcionar como facilitador entre o exportador e os trabalhadores, acaba fazendo papel antagônico. ?Hoje é complicador. Falta diálogo, incremento e cooperação.?

 A assessoria de imprensa da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) foi contatada, mas afirmou que só irá se manifestar assim que tiver acesso aos detalhes expostos na carta.

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