Dívida pressiona e dólar volta a fechar em alta

O dólar registrou ontem sua segunda alta consecutiva sob a pressão de uma dívida cambial de US$ 2 bilhões que vence na sexta-feira. A moeda operou todo o dia em alta e fechou a R$ 3,81 para venda e R$3,81 para compra, 0,93% mais cara que anteontem. O risco Brasil sobe 4,22% e vale 1.925 pontos.

O mercado ainda guarda expectativas quanto aos nomes que comporão a futura equipe de transição, mas o anúncio sobre a coordenação da equipe feito ontem pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, pouco mexeu com as cotações. Segundo analistas, o clima é bem mais tranquilo do que antes da eleição. Lula anunciou que o coordenador da equipe de transição será o prefeito licenciado de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), o médico Antônio Palocci Neto, mas a equipe só será divulgada em dois dias.

Na sexta-feira, vencem US$ 2 bilhões em contratos cambiais conhecidos como “”swaps”, que são ajustados de acordo com a variação dos juros e do dólar. Ontem o BC conseguiu rolar 48,6% desse valor usando novos contratos que vencem em dezembro deste ano. Segundo o chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab) do BC, Sergio Goldenstein, a taxa de remuneração cobrada pelo mercado caiu consideravelmente na operação de ontem em relação às anteriores e a operação foi muito positiva, já que há expectativa de que o dólar caia.

Para Marco Antonio Azevedo, gerente de câmbio do Banco Brascam, o resultado da operação foi “”muito melhor do que o mercado esperava”. “Eles já conseguiram rolar metade da dívida, o que não acontecia fazia tempo, e as taxas foram boas”, afirmou.

Como esse tipo de contrato, além de pagar uma taxa de remuneração, é ajustado de acordo com o valor do dólar e da taxa de juros, a queda do dólar e lucrativa para o BC. Já a alta favorece o investidor que está do outro lado da operação – daí a pressão sobre as cotações que antecedem os vencimentos.

O ajuste da operação é feito de acordo com a Ptax (mediana diária do dólar calculada pelo BC de acordo com o volume de negócios) da véspera. A Ptax desta quinta-feira, último dia útil do mês, também vai determinar quem ganha e quem perde com os contratos futuros para novembro na BM&F – daí a pressão.

Segundo operadores, o BC teria vendido dólares ao mercado mais de uma vez durante a manhã, sem conseguir domar a cotação por muito tempo. A autoridade monetária confirmou a intervenção, mas não divulgou o montante.

Bolsa

A bolsa de valores de São Paulo fechou esta terça-feira com uma pequena alta de 0,28% em relação a segunda-feira, com seu mais importante indicador, o Bovespa, a 9.600 pontos.

Na sessão de segunda-feira, esse mesmo indicador registrou uma forte baixa de 4,40%.

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