O diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, previu que a dívida externa brasileira bruta (pública e privada) fechará 2005 em US$ 165 bilhões, o menor valor desde 1995. Ele destacou que a redução da dívida será de US$ 50 bilhões em relação ao estoque de dezembro de 2003.
Bevilaqua fez questão, também, de lembrar que, no fim de 1999, o estoque da dívida externa brasileira era de US$ 225 bilhões e, no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, US$ 210,7 bilhões. Ele disse que tem havido uma melhora crescente dos indicadores de sustentabilidade da dívida externa brasileira.
Entre esses indicadores, ele destacou a relação entre dívida externa e PIB que, no fim de dezembro de 2002, estava em 46% e, segundo o diretor, deve fechar 2005 em 21%, o menor valor desde 1975, quando essa relação estava em torno de 25%.
Outro indicador apontado pelo diretor do BC é o tamanho da dívida externa em relação ao valor das exportações. Em dezembro de 1999, a dívida externa era 4,1 vezes superior ao valor das exportações. Deverá cair para 1,4 vez em 2005. Segundo Bevilaqua, este será o menor valor da série histórica do BC para esse indicador, iniciada em 1970.
Bevilaqua fez, também, novas previsões para as reservas internacionais brasileiras em 2006. Considerando as compras de dólares do BC em dezembro até ontem (US$ 4,033 bilhões), a projeção sobe de US$ 56 bilhões, contida no relatório de inflação divulgado ontem, para US$ 60 bilhões ao fim de 2006. Essa projeção não leva em consideração eventuais intervenções que o BC possa vir a fazer no mercado de câmbio ao longo de 2006.
Com a decisão do Brasil de quitar a sua dívida com o Fundo Monetário Internacional, não há mais diferença entre reservas líquidas e reservas brutas. O diretor do BC disse que, até agora, os benefícios de manter reservas internacionais elevadas têm excedido os seus custos. Ele observou que a manutenção das reservas traz custos para o governo, mas também benefícios, como aqueles associados à percepção de risco menor da economia e redução dos custos de empréstimos externos feitos pela República e pelas empresas. ?Os benefícios ainda têm excedido os custos?, afirmou.
Comprando
O Tesouro Nacional já contratou em mercado US$ 5,656 bilhões para honrar compromissos que vencem no primeiro semestre do ano que vem. A contratação pode ocorrer até seis meses antes da liquidação da operação.
Ao todo, serão pagos a organismos internacionais US$ 7,533 bilhões entre janeiro e junho, segundo informou Bevilaqua.
Para todo o ano que vem, a previsão é que o Tesouro contrate até US$ 11,530 bilhões. Esse valor já inclui a quitação de US$ 1,969 bilhão dos compromissos que o País tem junto ao Clube de Paris. Essa instituição reúne um grupo de credores que, a partir de 1983, renegociou parte dos compromissos externos do País.
Ao fazer o pagamento antecipado, o País economiza em juros. As duas parcelas que venceriam em 2006 (junho e dezembro) somam US$ 1.771,2 bilhão (principal e juros).
Já para 2007 há uma parcela de US$ 253 milhões que é destinada ao Japão.
A data para o pagamento será definida pelo Tesouro Nacional.