Os gastos com o pagamento de juros elevaram em R$ 9,8 bilhões a dívida líquida em papéis do governo federal em junho. No mês passado, a dívida total somou R$ 758,2 bilhões, valor 1,31% maior que o registrado em maio, segundo dados divulgados pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional.
A dívida federal cresce praticamente em todos os meses devido à incorporação de juros – com a taxa básica em 16% ao ano, o aumento mensal oscila entre 1,2% e 1,3% ao mês. A economia feita pelo governo para pagar os juros – fixada em 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano – não é suficiente para arcar com todos os compromissos assumidos com investidores, por isso a dívida mantém a trajetória de alta.
Apesar da alta, o governo conseguiu melhorar o perfil da dívida em junho. A exposição do total à variação da taxa de câmbio caiu de 16,6% para 15,8% – considerando as operações de sawap (troca), o melhor percentual desde que o Banco Central e o Tesouro começaram a fazer esse acompanhamento, em 1999. A expectativa do chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC, Sérgio Goldstein, é que esse percentual caia para cerca de 14% em julho.
“O BC mantém a sua estratégia de redução da exposição cambial. O perfil ainda não é o ideal, mas é melhor que no passado”, disse Goldstein.
Segundo ele, essa melhora do perfil também ajuda na percepção de risco do Brasil e poderá refletir em futuras análises das agências de classificação, como Fitch, S&P e Moodys?s. Um grupo de analistas da Fitch chega ao Brasil no começo de agosto para analisam as contas do governo.
O governo também elevou a participação dos títulos prefixados (com juros que não variam de acordo com o humor do mercado) para 16,8% do total, ante os 16,4% do mês anterior e a parcela de títulos remunerados por índices de preços (inflação), que subiu de 14,7% para 14,9%. Em conseqüência de um resgate líquido de R$ 2 bilhões, a participação de títulos remunerados pela Selic (a taxa básica de juros da economia brasileira) caiu dos 57,9% em maio para 57,5% em junho.
Resgate
Em junho, o governo resgatou R$ 21,8 bilhões em títulos públicos. Desse total, R$ 20,2 bilhões foram de vencimentos no próprio mês e outro R$ 1,6 bilhão referente às operações de compra e troca de títulos. O Tesouro Nacional também realizou ofertas públicas de compra (resgate antecipado) de Notas do Tesouro Nacional – séries B e C.
A dívida cambial e as operações de swap que venceram no mês foram roladas parcialmente pelo Banco Central. No mês, as emissões em ofertas públicas superaram ligeiramente os resgates, acarretando um impacto monetário contracionaista de R$ 288 milhões. Levando em conta as operações de swap cambial (papéis indexados ao dólar e à Selic), a exposição à Selic permaneceu constante em 50,6%.
No entanto, houve aumento na parcela dos títulos públicos federais que vencem em até 12 meses no total da dívida mobiliária federal. Essa participação subiu para 42,3%. Em termos absolutos, cresceu R$ 7,5 bilhões. Entre os motivos estão os vencimento do mês e os resgates de títulos com maturidade até junho de 2005 que foram recebidos em operações de troca.