Dívida de curto prazo cresceu 40%

Rio (AE) – O estoque de títulos públicos que vencem nos próximos 12 meses aumentou 40% nos últimos 30 dias, segundo dados da Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto (Andima). Ou seja, houve expressivo “encurtamento” do prazo médio da dívida pública no período. Em meados de maio, os papéis com vencimento entre julho de 2002 e junho de 2003 somavam R$ 110 bilhões. No dia 19 de junho, esse estoque era de R$ 154,4 bilhões, sendo R$ 79 bilhões de títulos indexados ao câmbio e R$ 75,3 bilhões de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), papéis indexados aos juros de curtíssimo prazo. O maior aumento nos papéis que vencem no período de 12 meses foi nas LFTs, o que causou surpresa aos técnicos da Andima.

Conforme os técnicos observam na Avaliação de Conjuntura desta semana, “nos cenários de elevado grau de incerteza, os agentes financeiros dão preferência a títulos pós-fixados (como as LFTs), por se tratar de papéis que refletem as oscilações de mercado instantaneamente. A situação atual, entretanto, parece estar contrariando esta regra”, observam.

A menor disposição do mercado financeiro pela compra de LFTs foi acelerada pela obrigatoriedade de “marcação a mercado” dos títulos públicos pelos fundos de investimentos. Com a antecipação dos prazos, os títulos pós-fixados já representam, em junho, 55,4% do total.

O presidente da Andima, Edgar da Silva Ramos, considera que a turbulência vivida pelo mercado financeiro nos últimos dias foi toda provocada por “questões políticas”. Ramos acredita que pode haver “pequenos detalhes técnicos” para justificar o nervosismo do mercado, mas ele diz que a situação só irá melhorar se houver um acordo político entre os candidatos à Presidência da República.

“O presidente da República deveria chamar os candidatos e discutir a governabilidade do País”, sugere o presidente da Andima, entidade que congrega as instituições especializadas na negociação com títulos públicos. Ele mesmo admite que “falar é mais fácil” do que alcançar esse acordo político. Mas pondera que a opção seria o governo adotar uma série de medidas, todas de caráter restritivo ao crescimento econômico. “A moratória só viria em último caso, após muitas medidas de que o governo dispõe”, observou.

Entre as medidas, ele lembrou que o BC pode elevar o recolhimento compulsório sobre os depósitos à vista e até elevar os juros.

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