Entre tantas opções financeiras oferecidas pelo mercado, ganha mais aquele que souber diversificar. A opinião, praticamente unânime entre os economistas, é partilhada também pelo vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, regional Paraná (Ibef-PR), Nelson Luiz Paula de Oliveira. ?Nada de colocar os ovos numa cesta só?, ensina. Parece fácil para quem está envolvido diretamente no assunto, porém, para aqueles que consideram siglas como CDB, RDB, DI nada familiares, a coisa complica.
?Hoje o melhor investimento é ir para a renda fixa, ou pré-fixado. Estamos ainda em um período de juros altos e, na próxima reunião do Copom, a taxa de juros pode elevar ainda mais, o que deve perdurar até a virada do semestre?, apontou Oliveira. Outra boa opção, segundo ele, é a renda fixa pós-fixada. ?O rendimento de ambos é parecido, cerca de 19% ao ano?, explicou. Para Oliveira, o investidor tem que, antes de mais nada, pesquisar muito. ?Há bancos que querem colocar o cliente em famílias de fundos que rendem pouco. A pessoa tem que ter cuidado, saber qual é a taxa de administração cobrada, a rentabilidade média do fundo.?
Com relação ao dólar, que vem batendo as menores cotações desde 2002, Oliveira apontou que se trata da grande questão do momento. ?A gente está vendo que o governo está fora do mercado e sem a preocupação de entrar. Com isso, a expectativa é que o dólar possa cair ainda mais?, afirmou, acrescentando que o dólar não tem sido boa aplicação este ano. Para quem detém a moeda e está em dúvida se se desfaz agora, Oliveira não recomenda grandes movimentações. ?A não ser que seja para sair e entrar em outro tipo de ativo?, apontou. ?Mas se o dólar der um pequeno repique, poderá render de uma só vez o que uma aplicação de CDI levaria três ou quatro meses.?
Conservador x agressivo
Para o superintendente regional do Banco do Brasil em Curitiba, Roberto Caval-lieri, antes de mais nada é preciso traçar o perfil do aplicador: conservador, moderado ou agressivo. ?Se ele for conservador, com certeza vai deixar maior parte do dinheiro na poupança, que rende menos, mas conta com um fundo garantidor de crédito que garante a devolução de até R$ 20 mil se o banco quebrar?, afirmou Cavallieri. Na categoria ?moderado?, as opções se dividem entre poupança e fundos, especialmente títulos do governo. Já os mais agressivos se arriscam em aplicações de renda variável, como ações e fundos de ações. ?Em países desenvolvidos, é comum fazer a seguinte conta: se a pessoa tem 40 anos de idade, diminui este número de 100 e o resultado é 60. Ela aplica, portanto, 60% dos investimentos em ações da Bolsa. No Brasil, a cultura é outra, e a nossa recomendação é aplicar 20% em ações?, afirmou Cavallieri. Para quem se encaixa nesse perfil, o superintendente recomenda que acompanhe o mercado. ?A pessoa tem que estar acompanhando o mercado, ter uma boa orientação. Quem aplicou em empresas ´ponto com´, por exemplo, perdeu muito dinheiro?, exemplificou. O próprio site do Banco do Brasil (www.bb.com.br) mostra que no ano passado, enquanto os papéis da Petrobras subiram 28,28% no ano passado, as ações da Embraer caíram 10,85%.
?Quem não for conhecedor de ações, deve achar que pode aplicar hoje na Bolsa e resgatar daqui dois ou três meses, quando o rendimento consistente só vem depois de quatro ou cinco anos?, afirmou. ?O mercado é muito volátil?.
Para o trabalhador assalariado, que não consegue acumular recursos para investir, Cavallieri recomenda que receba através da poupança-salário. ?Pelo menos, ele vai poder ganhar um pouco mais do que na conta corrente?, arrematou.
Tesouro Direto é uma das opções indicadas
Para pessoas físicas que queiram investir mas não contam com quantia significativa disponível, uma das boas opções é o Tesouro Direto, que permite a compra de títulos da dívida pública pela internet com investimentos a partir de R$ 200,00. A rentabilidade varia de acordo com o tipo de título e o preço de aquisição, podendo ser pré-fixada (LTN), indexada à taxa Selic (LFT), indexada ao IGP-M (NTN-C) ou IPCA (NTN-B), acrescidos de juros, geralmente a longo prazo. A rentabilidade acumulada por alguns títulos pode chegar a 19% ao ano. É o caso do título indexado ao IGP-M (NTN-C), que rendeu 19,07% no período de março de 2004 a março de 2005 – rendimento 12% maior na comparação com a poupança.
O programa, lançado pelo Tesouro Nacional em 2002, é destinado a pequenos investidores – os valores a serem empregados vão de R$ 200,00 a R$ 200.000,00 – e a rentabilidade, dependendo do título, pode multiplicar o investimento em até 15 vezes. Os prazos para o resgate também variam, podendo ser a curto, médio e longo período de tempo.
Até abril, havia 38,5 mil cadastrados no Tesouro Direto, e o valor médio por operação era de R$ 13,2 mil. Os interessados em participar devem procurar agentes de custódia credenciados – incluindo bancos – e preencher um cadastro. Com o cadastro aprovado, o investidor recebe uma senha e pode comprar e vender títulos via internet. Em abril, os títulos prefixados LTN responderam por 58,16% das compras, seguidos pelos LFT (títulos indexados à variação da taxa Selic), com participação de 23,65%. Maiores informações através do site www.tesouro.fazenda.gov.br