As distribuidoras de energia elétrica continuam perdendo negócios junto ao setor industrial. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal que cuida do planejamento da oferta de longo prazo de energia elétrica no País, enquanto o mercado nacional cresceu 3,26% nos 12 meses encerrados em fevereiro, o mercado cativo, suprido pelas distribuidoras, registrou crescimento de apenas 1,18%. Já o mercado livre, em que os grandes consumidores industriais contratam o suprimento diretamente com as geradoras ou com as comercializadoras, registrou ampliação de 8,28% no mesmo período.

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Com isso, a participação do mercado cativo tem caído gradualmente. Em março de 2005, por exemplo, o setor representava 78,1% da energia total comercializada no Brasil e essa participação caiu para 75,8% em dezembro daquele ano, para 74,0% no final de 2006 e para 73,1% em fevereiro. A queda do segmento cativo representa aumento proporcional do segmento livre, que atingiu 24,2% da energia total comercializada no País em fevereiro último, ante 21,93% em março de 2005. Os restantes 2,2% referem-se à energia autotransportada, ou seja, quando o próprio gerador é o consumidor.

Em termos absolutos, o total comercializado pelo segmento livre subiu de 6.257 GWh em março de 2005 para 7.442 GWh em fevereiro, último dado divulgado pela EPE, o que representa aumento de 19% no período. Já o mercado cativo permaneceu praticamente estável, com expansão de apenas 0,8% no período, passando de 22.273 GW/h em março de 2005 para 22.460 GW/h em fevereiro deste ano. O mercado global, incluindo a energia autotransportada, cresceu de 28.530 GW/h para 30.710 GW/h no mesmo período.

O mercado livre cresceu fortemente após 2002, aproveitando o excesso de oferta de energia elétrica no País, após o período do racionamento. Atualmente o setor agrega os 600 maiores grupos industriais do País, representando cerca de metade do consumo industrial de energia elétrica e quase um quarto do consumo total. Nos últimos meses, porém, o setor vive um impasse ante a perspectiva de haver problemas no suprimento de energia no horizonte de quatro a cinco anos. Nos leilões realizados pela EPE, as distribuidoras só estão contratando energia para o seu mercado (cativo), enquanto os consumidores livres não encontram mais o excesso de oferta como registrado nos últimos quatro anos.

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A questão tem sido discutida pelo governo e uma das alternativas é a EPE realizar um leilão específico para o setor. Alguns técnicos do governo, porém, não vêem a expansão do mercado com simpatia. "O modelo foi desenhado para contratos de longo prazo, ou seja, entre 15 e 30 anos. Não pode ficar ao sabor de contratos de curto prazo, em que as empresas querem tirar proveito de desequilíbrios do mercado", argumentou uma fonte oficial. Devido ao tamanho que o segmento adquiriu no País, porém, a questão passou a ser uma das preocupações oficiais. "O assunto está na mesa de discussão, mas ainda não há um posicionamento formal do governo sobre isso", complementou a fonte.