A falta de conexão do Estado de Roraima com a linha nacional de transmissão de energia, somada à suspensão da energia que o Estado importava até 7 de março da Venezuela, tem produzido uma dívida milionária para a distribuidora Roraima Energia, privatizada no ano passado.

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O rombo já chega a R$ 286 milhões, conforme apurou o jornal O Estado de S. Paulo. A “periclitante situação”, como resumiu a Roraima Energia, foi detalhada em um documento enviado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao qual a reportagem teve acesso.

No relatório concluído em julho, a empresa afirma que desde 7 de março, quando o governo brasileiro mandou paralisar de vez a importação de energia da Venezuela, o abastecimento ficou muito mais caro. Isso porque a companhia passou a ser obrigada a comprar cerca de 1 milhão de litros de diesel por dia para garantir o funcionamento de usinas térmicas que abastecem o Estado e levar luz à população.

Com a energia que importava da Venezuela, Roraima já vivia condições precárias nos últimos meses, com vários blecautes diários. O corte total dessa energia, porém, tornou o cenário mais difícil. O Estado tinha 82% de sua energia produzida pela Venezuela. A situação foi agravada por causa de dívidas assumidas pela concessionária com outras geradoras, com base na promessa de que teria uma ligação de suas instalações com a linha de transmissão do Estado com Manaus.

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Origem

A linha Manaus-Boa Vista, que foi leiloada em 2012 e tinha previsão de ficar pronta em 2015, nunca avançou, porque não conseguiu o licenciamento ambiental. A Roraima Energia, na época uma estatal da Eletrobrás, já tinha firmado uma série de contratos com as geradoras da Eletronorte, contando que teria a linha para receber energia. A linha não veio, mas as contas com as geradoras, que não têm nenhuma relação com a linha de transmissão, começaram a chegar para a distribuidora.

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“Tal situação resultou em um contexto de extrema excepcionalidade para esta empresa, onde não só a requerente é obrigada a arcar com os custos da aquisição de energia elétrica no Sistema Isolado para atendimento do seu mercado, como vem sendo obrigada a pagar pela energia do SIN (Sistema Interligado Nacional) que não recebe”, declarou a empresa.

Segundo a companhia, “a principal causa do atraso na construção da citada linha de transmissão está ligada às questões que envolvem a obtenção do licenciamento ambiental, as quais fogem completamente a gestão desta distribuidora”.

A Roraima Energia procurou a Eletronorte para negociar a dívida de R$ 274 milhões que acumula, mas a negociação se arrastou, segundo a empresa, por culpa da estatal da Eletrobrás, que manteve “uma posição inflexível.”

Em nota, a Eletronorte declarou que seu conselho aprovou o contrato de reconhecimento de dívida com a Roraima Energia em agosto. “Na mesma ocasião, o apontamento nos registros de inadimplência da Aneel foi retirado”, informou a estatal, por meio de nota.

A empresa também tenta acertar as contas com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), por causa de dívidas com compra de energia.

Resposta

Questionada, a Roraima Energia confirmou que a dívida com a Eletronorte “foi solucionada por meio de negociação envolvendo parcelamento do valor em questão”.

A respeito da cobrança da CCEE, a empresa afirmou que “está em fase de implementação de solução por meio de processo de recontabilização autorizado pela Aneel”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.