O quilo do pão francês, vendido hoje entre R$ 7 e R$ 8,50, deve encarecer entre 3% ou 4% até o fim de agosto por causa do reajuste salarial dos funcionários das padarias. A informação é do presidente do Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná (Sipcep), Vilson Borgmann. Embora a folha de pagamentos seja o item de maior peso na planilha de custos dos estabelecimentos, a variação no preço do trigo também tende a jogar mais para cima o preço do pãozinho.
“Vai ter pequeno aumento pela frente, saindo o dissídio coletivo, por causa do aumento do mínimo regional”, revela Borgmann. Segundo ele, a alteração no preço do trigo não deve interferir tanto no valor do pãozinho. “O trigo oscila muito por ser commoditie. Quando sobe o dólar, sobe o trigo”, aponta. O presidente do Sipcep cita ainda que cada padaria tem seu custo de produção, que inclui aluguel, mão de obra, energia e matéria-prima.
“O trigo eu diria que não é o mais caro da padaria, a matéria-prima não é o vilão do custo final. A folha de pagamento é o que mais onera hoje em dia, eu pago metade do aluguel para o sócio e o aluguel do estacionamento, que é um valor alto”, constata Leandro Canestraro, proprietário da Cravo e Canela. Para o empresário, aumentos na tarifa de ônibus também pesam bastante nos gastos e se refletem no valor do pão. “Tinha custo de R$ 7 mil de luz e agora tenho em torno de R$ 6 mil. Só que o simples aumento do vale-transporte já aniquilou a economia de luz”, relata o empresário, que tem 55 funcionários em duas panificadoras.
Concorrência
A administradora da Maggiore, Dircéia Pinheiro, já sente a influência da farinha de trigo nas despesas, mas ainda não aumentou o valor dos pães por causa da concorrência. “Hoje o quilo está custa R$ 8,99 e o ideal seria aumentar para R$ 11,99, só que por causa dos concorrentes vamos subir R$ 1”, conta.
Subida do dólar anula vantagens
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Vosnika: complicado. |
A cotação da farinha de trigo deve influenciar no preço do pãozinho pelo menos até agosto. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Paraná (Sinditrigo-PR), Marcelo Vosnika, o impacto da farinha no custo do pão gira em torno de 25%. Só que enquanto o trigo subiu 70% desde janeiro de 2012, motivado pelas quebras de safra em diversos países produtores, a farinha aumentou 20%, ao passo que o pão francês já encareceu cerca de 30%.
Para cobrir essa defasagem, Vosnika vê espaço para novos repasses. “Entramos num período complicado, já que a próxima safra no Brasil só começa em setembro. Nestes três meses em que não temos trigo, a situação deve piorar e continuar pressionando o preço do pão”, sinaliza. Vosnika comenta que a isenção dos impostos para importação de trigo, adotada pelo governo federal para não encarecer mais a farinha, foi praticamente anulada pela alta recente do dólar.
Impacto
Quando começar a colheita, as perspectivas são boas. “Esse ano estamos tendo aumento de plantio no Brasil, com ótima safra, aumento na Argentina e boas safras nos Estados Unidos e Canadá”, indica o presidente do Sipcep, Vilson Borgmann. Ele acredita que existe amadurecimento na categoria para não assustar o consumidor. “Todos estudam bem quando vão aumentar em sua loja, pois sabem do impacto direto nas vendas”.