São Paulo – A disparada do dólar, que só ontem subiu 3,88% e chegou a R$ 3,87, reforçou ainda mais um movimento de migração de compras no varejo. O consumidor tem deixado de lado as marcas líderes, geralmente com preço mais salgado, e colocado no carrinho produtos de marcas menos conhecidas ou as comercializadas com o nome dos próprios supermercados. Essa troca é maior entre os artigos de alimentação – massas, biscoitos – e de higiene e limpeza, que sofrem de imediato o impacto da alta do dólar.
“O consumidor não deixa de comprar macarrão ou biscoitos porque este já é um hábito arraigado. Mas ele passou a fazer a opção pela marca de menor preço”, confirma o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Sussumu Honda.
Reunião
Preocupado com a nova disparada do dólar, o presidente Fernando Henrique Cardoso convocou a equipe econômica para uma reunião no Palácio da Alvorada, no final da manhã de ontem, seguida de almoço. O objetivo foi fazer uma avaliação do mercado e de indicadores econômicos como alta da moeda norte-americana, o crescimento do risco Brasil e a elevação da taxa da inflação. O governo queria discutir a estratégia de atuação nesta fase, que a equipe econômica acredita que poderá se estender durante todo o segundo turno. A avaliação é que não se ouvirá do candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, novas declarações para acalmar o mercado, como ocorreu na primeira fase da disputa eleitoral.
O dólar alto também levou os supermercados a colocar em banho-maria as negociações para novas importações de produtos. Segundo Milton Dallari, consultor da Associação Brasileira de Supermercados (Abas), em alguns casos o varejista faz o pedido, mas deixa em aberto o valor de referência do dólar. A esperança do setor é que, definida a corrida eleitoral, a moeda americana possa cair para um patamar abaixo ou igual a R$ 3. “Ninguém vai fechar nada até o dia 27 (da realização do segundo turno)”, diz Dallari.