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Discussão sobre próximo no comando do Fed foi ignorada em Jackson Hole

Muitas horas foram destinadas no simpósio de Jackson Hole, no Wyoming, para dissecar artigos acadêmicos sobre como impulsionar um crescimento econômico global fraco. No entanto, um tópico “quente” não estava no programa: quem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeará para ser o próximo presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), com o fim do mandato de quatro anos de Janet Yellen em fevereiro de 2018.

Trump já afirmou que considera escolher Yellen para um segundo mandato, apesar das críticas que fez sobre ela durante sua campanha presidencial. Ele também disse que Gary Cohn, atual chefe do Conselho Econômico Nacional, está entre suas opções para o BC americano.

Os atuais presidentes regionais do Fed foram muito diplomáticos sobre a possível mudança. Robert Kaplan, presidente do Fed de Dallas, não quis comentar sobre candidatos específicos e apenas disse que “somos uma organização muito resiliente, então estou muito confiante sobre nossa capacidade de ser efetivos”, independente de quem seja escolhido.

Esther George, presidente do Fed de Kansas, também afirmou que não queria discutir sobre os possíveis candidatos e sobre outras vagas no conselho do Fed. “Estes são trabalhos importantes, então você quer pessoas que entendam a dimensão desta missão e que estejam preparadas para arregaçar as mangas e trabalhar”, comentou.

Em entrevista no mês passado, Trump afirmou que deve esperar até o final do ano para tomar uma decisão, um prazo que muitos acreditam ser arriscado, visto que, independente de quem o republicano escolher, terá de passar pelo processo de sabatina do Senado e já assumir no começo de fevereiro.

O mistério em torno da escolha de Trump para liderar o Fed esteve não apenas nas discussões nos corredores de Jackson Hole, mas também nas análises dos discursos que ocorreram no simpósio.

Yellen, que abriu o simpósio com o discurso inaugural na sexta-feira, fez uma defesa das reformas de regulação financeira que o Congresso americano, na época com maioria Democrata, e sob o comando de Barack Obama, instituiu após a crise financeira de 2008. Ela afirmou que as mudanças tornaram o sistema financeiro mais resistente e rejeitou argumentos de que o endurecimento da legislação prejudicou o crescimento econômico.

Os comentários de Yellen levaram diversos analistas a opinar que a sua defesa da Lei Dodd-Frank, que Trump chamou de “desastre” durante sua campanha eleitoral, diminuiu as chances de que o presidente a escolha para um segundo mandato.

Cohn, o outro nome cogitado por Trump, não esteve presente em Jackson Hole, mas diversos economistas de destaque, que já foram mencionados como potenciais candidatos, estavam lá.

John Taylor, economista da universidade de Stanford, participou de todas as discussões da conferência. Também estava presente Glenn Hubbard, reitor da Escola de Economia da universidade de Columbia, que comandou o Conselho de Assessores Financeiros do governo de George W. Bush.

Randall S. Kroszner, professor da universidade de Chicago , que teve papel fundamental como membro do Conselho do Fed durante a crise financeira de 2008, também é visto como alguém que Trump poderia escolher para liderar o BC americano. Ele comandou o painel final de discussões de Jackson Hole neste sábado.

Um grupo em Jackson Hole não teve oportunidade de participar no programa oficial, mas foi o que mais manifestou sua opinião sobre quem deve ficar no comando do Fed. O grupo “Fed Up”, que representa ativistas comunitários, sindicatos e economistas progressistas, fez um protesto na sexta-feira no local aonde o simpósio ocorreu e apresentou petições, assinadas por mais de 20 mil pessoas, pedindo para que Trump escolha Yellen para um segundo mandato.

Alguns manifestantes se vestiram de Janet Yellen, com capas de super-heróis, e com o cabelo branco, marca registrada da atual presidente do BC, para mostrar apoio.

Segundo os manifestantes, Yellen seria muito superior a Cohn, que passou 26 anos trabalhando em Wall Street no alto escalão do banco Goldman Sachs. “Yellen sim, Wall Street não!”, dizia um dos cartazes do grupo. Fonte: Associated Press.

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