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Discussão da reforma já impacta setor privado, diz presidente da Brasilprev

A discussão em torno da reforma da aposentadoria social tem impactado o setor de previdência complementar, de acordo com o presidente da Brasilprev, Paulo Valle. “O ganho principal da discussão da reforma da Previdência é o entendimento de que a questão da aposentadoria não é só um problema do Brasil e que a aposentadoria social não é sustentável”, destacou ele, em almoço com a imprensa, nesta tarde.

Pesquisas mostram, segundo o executivo, que a maioria das empresas já têm conscientização sobre a necessidade de fazer uma previdência privada para fazer frente às necessidades da aposentadoria. Além disso, ele, que foi subsecretário de Dívida Pública do Tesouro Nacional por cerca de dez anos, frisou a importância da reforma para equilibrar a situação fiscal do País.

Questionado sobre se a reforma da Previdência passa hoje, Valle disse que se o governo não conseguir votos para emplacar a mudança agora, terá de fazer em um futuro bem breve, no próximo ano ou talvez no início do próximo governo. Isso porque, conforme ele, a questão previdenciária é urgente no mundo e o Brasil está atrasado em algumas questões como, por exemplo, na questão da idade, sendo um dos poucos países em que a aposentadoria social se dá abaixo dos 60 anos.

O presidente da Brasilprev defende ainda uma regulação no setor mais voltada para a economia comportamental. “Seria um empurrão para as pessoas fazerem um plano”, disse ele, mencionando a adesão automática dos colaboradores nos contratos corporativos, com aumento gradual conforme o salário de cada.

Para capturar os benefícios das discussões em torno da reforma da Previdência Social, a Brasilprev, de acordo com Valle, intensificou ações na direção da formação da cultura previdenciária, aproveitando-se dos canais digitais. “Pagar a aposentadoria da próxima geração num mundo em que as pessoas estão vivendo mais e tendo menos filhos é insustentável”, destacou o executivo.

Selic menor

O principal tema deste ano para o setor de previdência privada, segundo o presidente da Brasilprev, foi a queda dos juros que deu uma dinâmica diferente aos investimentos uma vez que a companhia investe suas reservas para fazer frente aos pagamentos futuros. “A queda dos juros mudou bastante os investimentos e, por isso, criamos uma nova família de fundos. Devemos ter o maior período de cenário de juros baixos já visto no Brasil”, acrescentou Valle.

A Brasilprev, que tem como sócios a BB Seguridade – holding de seguros do Banco do Brasil – e a americana Principal, soma R$ 231 bilhões em ativos, conforme dados até outubro, com participação de 30,1% do mercado. Já a captação líquida de recursos, diferença de entrada e saídas, foi de R$ 16,4 bilhões no acumulado deste ano até novembro, o que lhe garante market share de 33,4% do segmento de previdência complementar.

Novos fundos

A Brasilprev, que tem a BB Seguridade e a americana Principal como sócios, já levantou R$ 3 bilhões com a nova família de fundos que lançou em meados de setembro para fazer frente à queda dos juros, de acordo Paulo Valle. O montante, de acordo com a empresa, equivale a uma captação bruta diária de mais de R$ 60 milhões.

“O volume está em linha com o que planejamos, mas deve crescer, em meio à ampliação da oferta dos novos planos para a base do Banco do Brasil”, explicou o presidente da Brasilprev, em conversa com a imprensa.

A nova família abrange fundos de renda fixa de longo prazo e multimercados com estratégias diferenciadas, como de investimentos no exterior.

Por ora, somente os clientes dos segmentos Estilo, com renda a partir de R$ 10 mil ou cerca de R$ 150 mil em investimentos, e Private, a partir de R$ 2 milhões em investimentos, têm acesso a esses produtos.

A expectativa da Brasilprev, de acordo com Guilherme Rossi, superintende comercial da companhia, é de que, no início do ano que vem, os novos fundos estejam disponíveis para toda a base potencial do Banco do Brasil.

Atualmente, o BB soma 65,7 milhões de clientes que têm algum relacionamento com o banco. Desses, 36,6 milhões são correntistas, dos quais em torno de 2 milhões têm um plano de previdência privada com a Brasilprev, respondendo por 5,5% da base.

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