Jair Bolsonaro será o primeiro presidente latino-americano a falar na sessão inaugural do Fórum Econômico Mundial, que começa na semana que vem na Suíça. O interesse internacional pelo Brasil e a curiosidade em torno do novo governo levaram os organizadores a dar um espaço privilegiado a Bolsonaro. O lugar dele em Davos estava sendo cuidadosamente negociado entre o Itamaraty e os organizadores desde sua vitória nas eleições em outubro.

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Klaus Schwab, fundador do evento, já havia antecipado na terça-feira, 15, para a imprensa brasileira que o presidente seria “muito bem recebido” na estação aos pés da Montanha Mágica.

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O discurso de Bolsonaro, que deve ter entre 30 minutos e 45 minutos, será uma espécie de apresentação do presidente à elite das finanças internacionais e à imprensa global. A sessão de abertura costuma ser acompanhada com atenção especial, já que dá o tom do evento. O fórum começa na segunda-feira à noite. A fala de Bolsonaro será a principal do primeiro dia de debates, na terça-feira.

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Abertura comercial, reforma da Previdência e combate à corrupção estarão no centro do discurso, que também servirá para tentar desfazer uma imagem que, até agora, tem sido negativa no cenário internacional. Não serão permitidas perguntas após o discurso.

Em Davos, Bolsonaro também participará de um jantar com outros presidentes da América Latina. Mas o evento ocorre fora do centro de congressos. Encontros bilaterais estão sendo agendados.

Uma das expectativas da diplomacia brasileira era de que, em Davos, Bolsonaro se encontrasse pela primeira vez com o presidente americano Donald Trump – o que acabou se frustrando porque Trump cancelou sua ida ao evento.

Pressão. Bolsonaro não ficará isento de pressão, principalmente no que se refere ao capítulo climático. O fórum tem ampliado a cada ano os debates sobre mudanças climáticas e, segundo o departamento que lida especificamente sobre o assunto em Davos, o objetivo é conseguir um compromisso das grandes multinacionais para reverter a tendência relativa às emissões de CO². Do Brasil, portanto, também se espera um compromisso nessa área.

ONGs internacionais que estarão em Davos devem buscar esclarecimentos sobre a posição do governo brasileiro em relação a questões como direitos humanos.

Criatividade. Outra mensagem que o Brasil levará ao fórum é a de que quer fazer parte dos governos que vão desenhar a “nova OMC”. No dia 25, o chanceler Ernesto Araújo participará de uma reunião ministerial que, no fundo, dará o pontapé inicial para o processo de reforma da entidade. Em Genebra, chamou a atenção que seu discurso de posse tenha citado especificamente a reforma da OMC, indicando que o Brasil quer ter um papel central nesse processo. Mas também com “criatividade”.

O País vai insistir que questões ligadas à agricultura sejam contempladas na reforma da OMC, para que não esteja focada apenas em “novos temas”, de interesses dos países desenvolvidos. Uma das prioridades da reforma, porém, é encontrar uma solução para o impasse na escolha dos juízes dos tribunais da entidade. Se a crise não for superada até o fim do ano, o órgão deixaria de funcionar, provocando uma paralisação no sistema legal internacional. O processo, segundo diplomatas, deve levar 18 meses, período que muitos chamam de “refundação” da OMC. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.