Foto: Chuniti Kawamura

Relatório revela condição desfavorável da mulher no trabalho.

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A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou, ontem, em Bruxelas, na Bélgica, o estudo mundial sobre os Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho: Enfrentando os Desafios, com dados colhidos entre 1995 e 2005, em 170 países. No Brasil, as mulheres e os negros ainda aparecem em situações desfavoráveis no mercado de trabalho, embora nos últimos anos o País tenha apresentado importantes avanços. O relatório mostra ainda novas formas de discriminação: contra pessoas obesas e fumantes, por exemplo.  

As informações do relatório se referem à discriminação de gênero, raça, idade, necessidades especiais, saúde e orientação sexual. A intenção é identificar os problemas e avanços ao enfrentamento da discriminação nos últimos anos, além de apontar caminhos para a solução do problema.

O estudo mostra que nos últimos anos surgiram novas formas de discriminação, que incluem os jovens e os mais velhos. Ao primeiro grupo, são oferecidas, na maioria das vezes, ocupações temporárias. Já os mais velhos sofrem porque a mão-de-obra é considerada cara demais, sem contar que os empregadores também associam a este grupo a redução da produtividade.

As pessoas que vivem com HIV também continuam sendo discriminadas em todo o mundo. São cerca de 36 milhões com idade entre 15 e 49 anos, que realizam algum tipo de atividade econômica no mundo. Outro tipo de discriminação que está surgindo é contra pessoas que tem predisposição a desenvolver certas doenças, como a obesidade, ou aquelas que levam estilos de vida considerados insalubres. Os fumantes também são alvos do problema. Nos Estados Unidos, por exemplo, algumas empresas não contratam pessoas que fumam ou impõem multas a ex-fumantes para obter melhores cotações de seguro médico. O interesse das empresas pelo estilo de vida dos trabalhadores se justifica pelo interesse de evitar custos adicionais pelo seguro de saúde.

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As pessoas com deficiência também são discriminadas. Um estudo realizado pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) mostra que 52% delas ainda estão inativas. Por outro lado, a Lei de Cotas, 8.231/91, que determina que as empresas contratem pessoas com deficiência, vem ajudando a minimizar o problema. Em São Paulo, por exemplo, em cinco anos subiu de 601 para 36 mil o número de pessoas empregadas.

Mulher ocupa espaços, mas há discriminação

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Segundo o relatório da OIT, entre 2003 e 2006 foram gerados 4,6 milhões de empregos formais no Brasil. Neste período, os salários também passaram a apresentar ganhos reais, aumentando o poder de compra dos brasileiros. É neste cenário que a mulher marca a sua participação definitiva e crescente no mercado de trabalho.

Desde 1995, as mulheres vêm aumentando sua ocupação num ritmo, em média, de 2% ao ano, o que culminou em um crescimento de 30.3% na taxa de ocupação das mulheres até 2005. A população negra também ganhou uma fatia maior deste mercado. Houve um aumento expressivo de 33,1% em comparação aos 15% de crescimento da população branca. Segundo o relatório, esses dados são positivos porque demonstram uma tendência à melhor distribuição da ocupação no mercado de trabalho brasileiro.

No entanto, apesar destes avanços, a taxa de desemprego é maior entre as mulheres, principalmente entre as negras. Elas saíram de uma taxa de desemprego em 1995 de 8.1% para 14.1% em 2005. Os homens brancos apresentaram a menor taxa, saindo de 4,9%, em 1995, e chegando a 6.3%, em 2005.

 O rendimento das mulheres e dos negros também continuam sendo inferiores aos dos homens brancos, embora a diferença tenha diminuído. As mulheres negras, por exemplo, ganham a metade dos rendimentos dos homens brancos, quando se compara o nível de remuneração dos 50% mais pobres no mercado de trabalho. Mas o estudo também revela dados positivos. Os homens negros aumentaram seus rendimentos em 6% e as mulheres brancas, 4.7%.