O diretor de Regulação do Sistema Financeiro e de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, afirmou que a crise mundial não indica que a economia global está “à beira de colapso, mas há riscos altos de recessão”.
Segundo ele, uma das consequências dos problemas registrados no cenário internacional para o Brasil é a “tendência estrutural de apreciação do real”, o que é reflexo das mudanças nos polos que estão movendo a economia global e da melhora dos fundamentos do País.
Ele fez os comentários em discurso realizado no 5º Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capitais, que está sendo realizado pela BM&FBovespa em Campos do Jordão.
Para ele, o avanço da economia brasileira, num contexto de desaceleração dos países avançados, torna o real um ativo “importante, tanto para a alocação de recursos quanto para a diversificação de riscos”.
Segundo ele, o Brasil é um polo de atração de capitais internacionais, de longo e curto prazos. “Sabemos que ingressos excessivos de capitais podem provocar instabilidade”, disse.
Além do risco de reversão súbita destes fluxos de recursos, caso ocorra um agravamento da crise nos países centrais, podem ocorrer aumento excessivo do crédito para o sistema financeiro interno e da volatilidade e exacerbação da tendência de apreciação da taxa de câmbio.
Awazu também destacou que podem ocorrer também pressão inflacionária e elevação acentuada dos preços de ativos, como ações e imóveis. De acordo com o diretor do BC, o Brasil está melhor preparado em 2011 para enfrentar a crise, inclusive devido ao reforço do tripé da política econômica.
Ele destacou que a inflação caminha para a convergência da meta da inflação em 2012. O diretor ressaltou o volume de reservas que é US$ 150 bilhões superior ao registrado em 2008 e que os depósitos compulsórios de bancos estão R$ 170 bilhões acima do apurado há três anos. “Outro elemento essencial de nossa resiliência é o controle da política fiscal, elemento que está sendo fortalecido”, destacou.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já destacou que o governo deve cumprir o superávit primário cheio até 2014 e que a intenção do Poder Executivo é reduzir impulsos dos gastos públicos correntes, a fim de dar condições estruturais para que os juros baixem no País, desde que a inflação esteja sob controle.