Rio – O diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, admitiu ontem, durante a abertura da Rio Oil & Gas que há um novo patamar de preços do petróleo no mercado internacional. A justificativa que a estatal tem usado para manutenção dos preços dos combustíveis no País é de que só haverá reajuste quando houver um novo patamar das cotações da commodity, o que, segundo a posição oficial da companhia, ainda não ocorreu.
“Nós estamos no setor petrolífero mundial diante de um novo patamar de preços, uma nova realidade econômica e financeira para a indústria petrolífera mundial”, afirmou Estrella.
O diretor disse ainda que os custos operacionais para a indústria do petróleo têm acompanhado a alta das cotações do barril. O executivo conclamou os representantes da indústria do petróleo presentes no evento a uma reflexão sobre esse novo contexto do mercado internacional.
Na opinião de Estrella, a indústria precisa atingir um equilíbrio para os preços do petróleo que remunere os investimentos das companhias do setor e ao mesmo tempo não prejudique o desenvolvimento econômico mundial. Esta é a segunda vez que um diretor da Petrobras admite que já há um novo patamar para os preços do petróleo. O primeiro a fazer a afirmação foi o diretor da área internacional, Nestor Cerveró.
Preocupante
A secretária de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Maria das Graças Foster, garantiu que, apesar de o preço do petróleo no mercado internacional estar há alguns dias na casa dos US$ 50, “não se fala hoje, no Brasil, na questão do aumento de combustível”.
Durante a abertura da Rio Oil&Gás Expo and Conference, a secretária lembrou que a posição do País é confortável, uma vez que se aproxima da auto-suficiência. “O Brasil encontra-se numa situação bastante favorável, uma vez que a sua produção se aproxima da auto-suficiência. Mais do que isso, pelo conhecimento que o País tem hoje das disciplinas que sustentam o desenvolvimento da indústria do petróleo e gás natural”.
A secretária, porém, admitiu que a manutenção da alta em um patamar elevado é uma preocupação mundial. “A nível mundial, a preocupação é bastante grande: US$ 50 são motivo de reflexão, mas no caso específico do Brasil a Petrobras tem toda uma assessoria técnica acompanhando essas questões”, justificou. A secretária não quis se aprofundar no tema.
De acordo com a secretária, de uma maneira geral, o mundo todo volta a atenção para o aumento do consumo, que é significativo. “Hoje, vários elementos justificam este preço de US$ 50, desde condições climáticas, problemas sociais e ambientais, dificuldades de prospecção por resistências ambientais até, e principalmente, uma grande questão política. Isto faz com que os preços acelerem”, explicou.
Sobre o novo patamar de preço do petróleo no mercado externo, a secretária disse que ele deve ser conhecido em poucas semanas. “Acreditamos e esperamos todos que o novo patamar do preço do petróleo esteja muito bem definido nas próximas semanas. Mas, a indústria do petróleo de forma alguma acredita na fixação deste patamar de US$ 50”, concluiu.
Preços registram leve queda
Os preços do petróleo registraram uma leve queda nesta segunda-feira, após a assinatura de um acordo de cessar-fogo na Nigéria, mas continuam altos, ao mesmo tempo em que G-7 e FMI pedem uma mobilização geral contra a disparada dos preços do óleo cru. Em Nova York, o barril do petróleo cru (light sweet crude) para entrega em novembro caiu 21 centavos, a US$ 49,91 dólares, após fechar na última sexta-feira acima de US$ 50 dólares pela primeira vez na História. Em Londres, o barril do Brent do Mar do Norte fechou em baixa de 43 centavos, a US$ 46,19.
As cotações continuam próximas das marcas históricas alcançadas na semana passada: 50,47 dólares em Nova York e 46,8 em Londres. “Ainda há muitas incertezasno mercado”, indicou Jim Ritterbusch, analista da Ritterbusch and Associates, justificando as cotações elevadas. “A situação na Nigéria não parece tão ruim quanto antes, mas há muitos outros fatores que mantêm os preços elevados”, indicou Kevin Norrish, analista do Barclays. “O nível muito baixo das reservas (…) continua gerando grande preocupação e mantém o mercado nervoso”, acrescentou, destacando que “a demanda continua muito elevada”.
Petroleiros do Paraná programam paralisação
Cerca de 950 petroleiros da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, e da Unidade de Tratamento de Xisto, em São Mateus do Sul, realizam hoje paralisação de 24 horas em protesto contra a proposta salarial da Petrobras. De acordo com o presidente do Sindicato dos Petroleiros no Paraná (Sindipetro-PR), Anselmo Ruoso Júnior, a paralisação começaria ontem à meia-noite e só deve terminar à meia-noite de hoje. “Estamos no limite de uma campanha salarial. Vamos seguir o calendário de mobilizações até que a proposta seja melhorada”, afirmou o presidente.
A Petrobrás e a Federação Única dos Petroleiros (FUP) se reúnem hoje para tentar sair do impasse sobre a negociação salarial da categoria. Ontem os petroleiros iniciaram paralisações de 24 horas em algumas unidades da companhia, movimento que terá prosseguimento até sexta-feira, caso não haja acordo. A Petrobrás informou que vai fazer uma nova proposta aos empregados.
Ontem, os petroleiros suspenderam a troca de turno na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) e no terminal de abastecimento de combustíveis de Barueri (SP), um dos maiores do País. O movimento, chamado de “greve-pipoca”, prevê paralisações em unidades diferentes todos os dias. Não há, porém, parada na produção de petróleo e derivados.
Na Reduc, os funcionários aprovaram, em assembléia, manter a mobilização por tempo indeterminado. O gerente executivo de exploração e produção da estatal, Francisco Nepomuceno, disse ontem que a greve ainda não prejudicou a produção. “E nem deve prejudicar, porque a situação deve se resolver em breve”, afirmou. Os petroleiros pedem reajuste de 13 2% mais melhoria nas relaçõesde trabalho. A primeira proposta da Petrobrás era de um aumento de 7,81%. (Lyrian Saiki e agências)
Nova área de óleo descoberta no RN
Rio (AE)- Uma nova descoberta de óleo na bacia terrestre de Potiguar, no Rio Grande do Norte, foi revelada ontem pelo diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrella, em entrevista durante participação na Rio Oil & Gas. É a segunda descoberta em menos de uma semana confirmada na região de campos maduros, ou seja, campos que já foram explorados e não possuem grandes reservas a serem exploradas.
Sem dimensionar o volume da nova descoberta, Estrella disse que se trata apenas de uma pequena área, que tem em média óleo de 25 graus API (quanto mais perto de 50 graus, melhor é a qualidade do óleo), diferentemente do óleo encontrado na semana passada no Recôncavo, com até 45 graus API e que a Petrobras pretende começar a produzir ainda este ano.
A descoberta, segundo Estrella, está localizada em uma área adquirida pela estatal na quinta rodada da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2002, em parceria com a portuguesa Partex, que é a responsável pela operação do poço. “Pretendemos formar novas parcerias neste sentido”, disse Estrella, lembrando que a estatal já atua da mesma maneira em campos maduros junto com a Starfish e a Petrogal na Bahia.
O bloco na Bacia de Potiguar não deve modificar muito a produção da Petrobras, por se tratar de pequena quantidade, mas, segundo o diretor, demonstra que a estatal estava certa ao redirecionar investimentos para os campos maduros. Na gestão anterior, estes campos seriam licitados para a iniciativa privada. A estatal produz em média, hoje, cerca de 260 mil barris por dia em seus campos maduros, que se estendem pelas bacias terrestres da região Nordeste, ou cerca de 10% a mais do que no ano anterior.
A estatal deve dobrar no próximo ano os investimentos em campos maduros, passando dos atuais US$ 70 milhões para US$ 150 milhões, com o objetivo de garantir a manutenção da produção nestas regiões.