economia

Diretor da Aneel defende retorno de hidrelétricas com grandes reservatórios

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia (Aneel), Romeu Rufino, fez uma defesa contundente nesta quinta-feira, 29, da construção de hidrelétricas com grandes reservatórios. Nos últimos anos, disse Rufino, o Brasil abandonou os projetos de usinas baseadas em reservatórios de grande porte, por conta do impacto ambiental desses projetos, mas precisa voltar a discutir a necessidade desses projetos.

A defesa desses projetos aponta uma mudança da diretoria da Aneel, que sempre adota uma posição estritamente técnica em relação ao planejamento do setor elétrico e sua matriz energética. A decisão de se construir ou não usinas com grandes reservatórios passa diretamente por uma definição da política energética, desenhada pelo Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Apesar do perfil mais moderado em suas colocações, Rufino partiu nesta quinta para a defesa dos projetos baseados nos chamados “reservatórios de regularização”. Trata-se de um tipo de hidrelétrica que se apoia na construção de uma grande barragem, que permite maior acúmulo de água, em vez do modelo usado nas atuais hidrelétricas que estão em construção no País, que utilizam reservatório “a fio d’água”, com pequenas áreas de alagamento e apoiadas pelo fluxo natural dos rios.

“Há necessidade de se tornar mais clara para a sociedade a busca por hidrelétricas com canais de regularização. Essas usinas sofrem resistências por grupos específicos, mas grupos maiores da sociedade que se beneficiariam não são atingidos pelas informações dos projetos”, disse Rufino. “Essa discussão se faz ainda mais necessária, já que grande parte dos aproveitamentos se encontra na região amazônica.”

As declarações foram dadas durante a abertura de um evento do setor elétrico realizado em Brasília pela Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine). Segundo o presidente da Aneel, é preciso destacar os aspectos positivos dessas usinas, “para que a sociedade reflita de forma adequada”. Ao abrir mão dos grandes reservatórios, afirmou, o próprio meio ambiente seria mais afetado, porque o País perde sua força de exploração hídrica e precisa usar mais usinas térmicas, que são mais poluentes.

A linha que separa projetos de pequenos e grandes reservatórios, no entanto, não é muito clara. Grandes hidrelétricas em construção no País, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, todas erguidas na região amazônica, estão baseadas em reservatórios a fio d’água. A área alagada de seus reservatórios, no entanto, não são pequenas. Belo Monte, por exemplo, tem um reservatório que supera 500 quilômetros quadrados. Seu projeto original previa uma barragem com mais de 2 mil quilômetros quadrados.

Até mesmo a hidrelétrica de Itaipu, a maior do Brasil em geração, possui um reservatório classificado como fio d’água, apesar de seu lago artificial ter uma área de 1.350 quilômetros quadrados. O reservatório de Sobradinho, construído no Rio São Francisco, na Bahia, é uma barragem de regularização, com 4.214 quilômetros quadrados, mas vive uma de suas piores estiagens da história.

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