Um dia depois de o ministro Antônio Palocci Filho (Fazenda) dizer que as taxas de juros já cumpriram seu papel na retomada da atividade econômica, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, defendeu, ontem, diante de uma platéia de empresários em Brasília, uma política de juros baixos para o País retomar a trajetória de crescimento alto. “O País precisa de juros mais baixos, mas nós também sabemos que não temos desvios, atalhos nesse caminho”. Temos de ser persistentes em reduzir os juros”, disse.
Ao participar de seminário promovido pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base), Dirceu disse que o governo “será um parceiro seguro e confiável” do setor privado. Segundo ele, o governo quer atrair investimentos privados e tomar medidas para viabilizar esses investimentos nos diversos setores da economia, como a construção naval e a infra-estrutura portuária.
Palocci, além de reafirmar que não haverá uma política agressiva em relação à taxa selic (hoje em 16%), disse também que, a partir de agora, o desafio é aprofundar as reformas microeconômicas.
“Estamos tendo agora o quarto trimestre de retomada do crescimento econômico, fruto do ajuste e do forte compromisso fiscal do presidente Lula, que possibilitou a redução gradual e sustentada dos juros, o que estimulou a retomada da atividade. Mas as taxas de juros já cumpriram seu papel”, afirmou.
Dirceu disse, também, que o País precisa ter um planejamento porque, se isso não acontece, “não há clareza do papel do estado nem da iniciativa privada”. Ele reafirmou a intenção do governo de avançar nas reformas. “Sabemos que temos que completar a Reforma do Judiciário e, também, a Reforma Trabalhista no ano que vem”, afirmou.
Sobre a Reforma Tributária, ele disse que é um moto perpétuo e que o governo não pode descansar sobre os avanços já conseguidos. Segundo Dirceu, o sistema tributário nacional ainda é regressivo e cria dificuldades para a sociedade brasileira. Ele defendeu a aprovação dos projetos que estão na agenda econômica do governo, como a Lei de Falências e o projeto que institui as Parcerias Público-Privadas. Também justificou as dificuldades do governo para implementar a prestação de serviços de infra-estrutura na área de transportes e saneamento. Chegou a citar o fato de um parecer do Tribunal de Contas da União ter provocado a suspensão da concessão de sete rodovias e as dificuldades com o arcabouço legal no setor de saneamento.
Os presidentes da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), também fizeram pronunciamentos no seminário, apoiando a agenda econômica do governo e incluindo entre os projetos importantes também a Lei de Biossegurança, que trata da construção civil, a lei de inovação tecnológica e a que trata das agências reguladoras.