José Dirceu acha que taxa (hoje em 9,5%) deve ficar entre 6% e 8%. |
Brasília – O ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse ontem que é essencial para o País trazer a taxa de juros real (a taxa básica menos a projeção de inflação) para entre 6% e 8%. Ele considera que a taxa atual, de 9,5%, ainda é alta, dado o tamanho do endividamento brasileiro. O ministro afirmou que os juros devem continuar com a tendência de queda. “Os juros ainda devem cair em dezembro porque temos mais uma reunião”, disse.
Para Dirceu, que participou do IV Forum do Planalto (encontros mensais de representantes do Poder Executivo com servidores da Presidência da República), um dos grandes entraves para o desenvolvimento no Brasil é o forte endividamento interno e externo. Só com os juros mais baixos, somados ao processo de reorganização previdenciária e tributária e a definição de marcos regulatórios na área de infra-estrutura, afirmou, o País ingressará num processo de crescimento sustentado ao longo dos próximos anos.
O ministro afirmou que o governo Lula conseguiu alcançar uma série de objetivos ao longo de seu primeiro ano de mandato. “Fizemos mais do que era possível”, disse Dirceu. Ele enfatizou o sucesso obtido pelo governo ao longo de 2003 dado o quadro econômico desenhado ao final de 2002.
Inflação
Outro destaque é o combate a inflação, que fez com que o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) caminhasse para uma taxa de 9% este ano e com perspectiva de ficar entre 5% e 6% em 2004. O ministro comentou a redução na volatilidade na taxa de câmbio e sua estabilização entre R$ 2,90 e R$ 2,95.
De acordo com ele, o Brasil deverá fechar 2003 com superávit em transações correntes entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões.
Dirceu ressaltou também o processo de reorganização dos bancos federais, em especial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que, segundo ele, tinha perdido nos últimos anos seu papel de banco de fomento. “Superamos a crise e começamos o processo de reorganização do Estado”, disse. Ele reconheceu, entretanto, que o forte ajuste feito pelo governo em 2003 teve como conseqüência um comprometimento do crescimento econômico do País. “O crescimento econômico não passará de 1% este ano”, afirmou.
A retomada dos investimentos em infra-estrutura passará pelas parcerias entre governo e iniciativa privada, afirmou. “Não estamos pensando em voltar ao passado e fazer o Estado investir como foi nas décadas de 60 e 70. Isso seria um erro”, disse.
Para Dirceu, os entraves ao desenvolvimento são heranças de várias gerações. “Quero deixar claro que não estou falando que é uma herança do presidente Fernando Henrique Cardoso.”
A superação desses problemas, na sua avaliação, se dará com a manutenção da unidade partidária que sustenta o governo Lula e com a mobilização da sociedade. “A sociedade tem direito de cobrar essa grande dívida e tem o direito à impaciência e à pressa”, afirmou.