O ministro da Casa Civil, José Dirceu, voltou a falar sobre juros ontem, em almoço na Câmara Brasil-França, em São Paulo. Segundo ele, o juro alto transforma a dívida em um peso para o País e desvia recursos que poderiam ser usados na área social. Dirceu criticou ainda a carga tributária, que considerou elevada.
“Com juro de 10% a dívida se torna um peso para o orçamento público e para o País”, afirmou.
Dirceu disse ainda aos empresários que o setor de aviação civil enfrenta uma crise e que o governo já tem pronto um plano de reestruturação. A solução para o endividamento da Varig, segundo ele, será uma “solução de mercado”. O ministro admitiu até uma eventual ajuda do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para esse programa de recuperação da companhia aérea.
“O governo vai apoiar uma solução de mercado. Não (vai usar) dinheiro da viúva. O BNDES pode até apoiar”, afirmou. No entanto, o ministro fez questão de deixar claro que o governo não injetará recursos a fundo perdido na empresa.
Superávit
O ministro da Casa Civil acentuou que o aumento da meta de superávit primário de 2004 para 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto) facilitará o crescimento econômico no próximo ano. A meta do superávit (receitas menos despesas, exceto gastos com juro) foi elevada esta semana pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A intenção do governo com isso é evitar a necessidade de altas bruscas na taxa básica de juros. “O presidente Lula tomou a decisão correta no momento correto, que vai viabilizar um crescimento em 2005 no mesmo patamar de 2004”, disse Dirceu.
O ministro chegou a dizer que tanto ele como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliaram que era necessário o aumento da Selic de 0,25 ponto percentual, para 16,25% ao ano na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) na semana passada.
Segundo ele, os investimentos de 2005 vão ser maiores que 2004, que já foram superiores que os de 2003. Anteontem, o governo anunciou um pacote para desonerar investimentos a partir de uma renúncia fiscal de R$ 1,7 bilhão por ano aos cofres públicos.