No geral, o governo Dilma Rousseff está se saindo bem nestes primeiros 100 dias que se completam neste domingo, avalia o economista-chefe da Siemens Brasil e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antonio Corrêa de Lacerda.

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Para ele, Dilma tem mostrado serenidade no cargo e soube escolher auxiliares. Um dos pontos destacados pelo economista é a capacidade da presidente de conseguir estabelecer uma sinergia entre o Banco Central (BC) e o Ministério da Fazenda. Na gestão do antecessor Luiz Inácio da Silva, eram comuns as trocas de farpas pela imprensa entre os dois órgãos.

No que diz respeito à condução da política fiscal, Lacerda classifica de “feliz” a decisão de anunciar um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União para 2011. No fim do ano passado, quando perguntado sobre quais seriam os principais desafios dos primeiros 100 dias do governo Dilma, Lacerda e outros analistas citavam a política fiscal. Ele ressalta, no entanto, que a disciplina fiscal ficou por enquanto apenas na sinalização, já que, na prática, na opinião dele, não houve corte.

“Na verdade, o novo governo já pegou o Orçamento pronto com R$ 50 bilhões a mais e cortou este adicional”, afirmou. “Se compararmos com o ano passado, o governo vai até gastar mais. Isso é uma realidade. Por outro lado, o Brasil não está com uma situação fiscal tão ruim como Portugal, Espanha e Irlanda, entre outros. Por isso, pode cortar mais gastos sem comprometer o crescimento”, analisa o professor da PUC-SP. “A situação fiscal do Brasil permite o governo fazer o ajuste com o carro andando. Não faria sentido cortar gastos e interromper o crescimento.”

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Lacerda elogia também a autuação do governo Dilma no combate à inflação. “Mesmo sendo um problema mundial, o governo tem combatido a inflação com gradualismo”, afirmou. “Não teria sentido elevar tanto a taxa de juros para frear o crescimento e investimentos porque isso não traria resultado no curto prazo.” Ele entende que o melhor é jogar para frente o horizonte de convergência da inflação, ou seja, para 2012, como o Banco Central já sinalizou que deve fazer. “Parte desta inflação vem de fora e aumentar juros para combatê-la elevaria muito a dívida sem que os preços caiam”, explica.

Câmbio

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É no câmbio que, na opinião de Lacerda, o governo tem deixado a desejar nestes primeiros 100 dias. “Acho que está faltando senso de urgência em reconhecer o problema cambial”, diz. “O ruim é que o governo tem tomado medidas, mas medidas insuficientes”, afirma o economista, para quem o problema maior continua sendo o diferencial de juros. Com a enorme liquidez no mundo, diz ele, os dólares vêm para o Brasil atrás dos juros altos.

Para Lacerda, alguns desafios continuam para o governo Dilma, além da questão do câmbio. “O governo deveria combater a indexação e criar uma estrutura a termo de taxa de juros para beneficiar os investimentos de longo prazo”, diz.