A presidente eleita, Dilma Rousseff, não convidou nem pretende convidar Henrique Meirelles a permanecer no comando do Banco Central (BC). Dilma deve se reunir com Meirelles nesta semana, mas está com um pé atrás. Ficou furiosa com informações de que ele impôs condições para ficar no cargo, como a manutenção da autonomia na definição dos juros.
Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escondeu a contrariedade com o comportamento de Meirelles. Para Lula, ele perdeu muitos pontos ao agir assim porque, ao justificar sua esperada saída, tentou jogar no colo de Dilma a responsabilidade por eventual mudança na política monetária.
A avaliação é a de que Meirelles criou enorme embaraço econômico, de difícil solução para Dilma, ao informar que foi convidado para continuar no cargo e, ao mesmo tempo, condicionar sua permanência à autonomia da instituição. Com isso, qualquer decisão que Dilma vier a tomar agora – diferente da permanência de Meirelles na presidência do banco – será interpretada pelo mercado financeiro como um afrouxamento da política de autonomia.
A manobra de Meirelles foi ocasionada, segundo políticos aliados, pela confirmação de Guido Mantega no Ministério da Fazenda em primeiro lugar. A informação emitiu um sinal de que Mantega será uma espécie de capitão do time e que o futuro presidente do BC ficará, na prática, subordinado à Fazenda. Hoje, Meirelles tem status de ministro e responde diretamente ao presidente da República. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.