A ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, afastou ontem a possiblidade de racionamento de energia. “Estamos numa retomada sustentável do crescimento do setor elétrico. Mantendo o atual ritmo, o risco de racionamento é zero, até porque hoje está sobrando energia”, declarou. Rebatendo a matéria do Financial Times, publicada ontem, a ministra disse que o crescimento brasileiro só corre risco de enfrentar uma pane no setor de energia caso não sejam feitos investimentos.
De acordo com o jornal, o mercado está mais otimista com o crescimento do Brasil, mas a possibilidade de uma nova crise de energia ainda preocupa. O Financial Times divulgou um consenso do mercado de que o Produto Interno Bruto do País crescerá mais de 4,5%. Mas existe temor quanto às condições de infra-estrutura do Brasil. “O que o jornal disse foi o óbvio ululante. Claro que sem investimento teremos problemas, mas isso não está acontecendo. O setor de energia está em franca recuperação. Estamos numa retomada sustentável do crescimento do setor elétrico”, afirmou a ministra.
Este mês, o Operador Nacional do Sistema (ONS) que fiscaliza o setor elétrico advertiu que o País poderá enfrentar racionamentos de energia. A última vez em que a energia elétrica foi racionada foi em 2000 e 2001. Naquela época, a economia também crescia em um ritmo superior a 4,5% ao ano. Segundo o Financial Times, a consultoria Tendências, de São Paulo, diz que o setor elétrico precisa de investimentos de R$ 20 bilhões (US$ 7 bilhões) ao ano durante os próximos dez anos para acompanhar a demanda necessária para o crescimento esperado.
Eletrobras
Já o presidente da Eletrobras, Silas Cavalcante Silva, descartou a ocorrência de apagão no Brasil apenas até 2007. Segundo ele, os investimentos que estão sendo feitos no setor serão suficientes para manter o abastecimento pelos próximos três anos, mesmo que a economia cresça acima das previsões do governo.
Silas Cavalcante – que esteve ontem em Curitiba – citou que o Ministério das Minas e Energia está fazendo diversos planejamentos para o País conseguir o equilíbrio. Aliado a isso, acrescentou, “o setor passa por uma boa fase, com os reservatórios cheios, o que possibilita oferta de energia com preços mais baixos”.
A mesma previsão vale para o Paraná, afirmou o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek. De acordo com ele, até 2007 entrarão em funcionamento duas novas turbinas com capacidade de gerar 1,4 mil megawatts de energia.
Novas regras
Para o presidente da Eletrobras, as mudanças nas regras para os novos contratos do setor elétrico, feitos através de leilões públicos, são consideradas um ponto positivo. Além disso, o novo modelo do setor elétrico deverá permitir uma redução no valor da energia para o consumidor final. “Entre os objetivos do novo modelo estão a segurança do abastecimento e uma menor tarifa para os consumidores”, falou.
Conta de luz reduz em dezembro
Rio (AG) – As contas de luz de todos os consumidores das regiões Nordeste, Sul e Sudeste vão ter uma redução a partir de dezembro próximo com o fim de diversos contratos de termelétricas móveis, que são pagos com o chamado seguro-apagão.
O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, disse ontem que terminam em dezembro próximo os contratos de 917 megawatts, de um total de 1.827 megawatts contratados em 2001, por ocasião do racionamento de energia.
Apesar de não querer falar em valores, o secretário estima que essa descontratação poderá gerar uma redução entre 20% a 25% no valor pago pelos consumidores de seguro-apagão em suas contas de luz. O valor está sendo decidido e definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Caso a redução fique dessa ordem, o consumidor do Rio que paga 2,6% de seguro-apagão, ou seja, cerca de R$ 2,60 numa conta hipotética de R$ 100,00 mensais, vai ter uma redução no seguro-apagão da ordem de 1,95%, que vai representar nessa mesma conta cerca de R$ 1,95.
Os demais contratos terminam, segundo o secretário, no próximo ano. Essas termelétricas movidas a óleo diesel foram contratadas para serem utilizadas em caso de necessidade para evitar novas faltas de energia. Os consumidores pagam por sua contratação, mesmo sem serem utilizadas, mas quando entram em operação, os custos são maiores. Em janeiro deste ano algumas dessas unidades foram acionadas.