Diferença de consórcio e financiamento

Consorciar ou financiar um imóvel, eis a questão. Para o consumidor que pretende adquirir uma casa ou apartamento, é preciso analisar fatores diversos, como tempo de espera para aquisição e o peso dos juros no balanço final da compra. O aumento das adesões aos consórcios de imóveis vem mudando a configuração de um mercado até pouco tempo pensado apenas pelo lado do financiamento, já que a compra à vista continua sendo privilégio de poucos e está à mercê das grandes oportunidades.

Dados recém-divulgados pela Associação Brasileira de Administradores de Consórcios (Abac) revelaram que houve um aumento de 13,6% na média diária de vendas de novas cotas de consórcio somente, no primeiro bimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, tendo este segmento respondido por cerca de 1% do PIB no ano passado, em um total superior a R$ 14,7 bilhões em volume de negócios realizados.

Os números surpreendem, mas envolvem cautela: no consórcio, pode levar anos até a contemplação sair e as taxas administrativas cobradas pelos agentes financeiros devem ser observadas. Mesmo assim, se for possível pagar aluguel e o valor das parcelas somados, dependendo do valor do crédito e dos juros para um financiamento, pode valer a pena a opção do consórcio. A opinião é do economista Christian Luiz da Silva, presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR).

Ele explica que, para aderir a um consórcio, o consumidor deve verificar, nas taxas administrativas, qual a porcentagem que vai para o caixa da consorciadora e quanto é destinado ao fundo de reserva que todo consórcio dispõe, caso alguém não pague as parcelas. ?Esses componentes entram acima do valor total do imóvel e variam em média 10% sobre o mesmo?, calcula Silva.

Já o financiamento deve ser observado sob a ótica dos juros. Os cobrados pela Caixa Econômica Federal para compra de imóvel residencial, por exemplo, ficam em 12,5% ao ano. ?Mas no mercado esse valor varia bastante, podendo chegar em até 2% ao mês?, lembra o economista, que dá um alerta: ?É aí que devem ser pesados o tempo para entrar no imóvel e o valor das taxas de juros. Se não é preciso pagar aluguel e pode-se esperar pelo imóvel, o consórcio é de longe um ótimo investimento, já que caracteriza-se pelo retorno a longo prazo?.

Outra observação: os financiamentos em geral são estendidos por mais tempo do que os consórcios. Isso porque as parcelas acabam ficando muito altas devido aos juros, o que exige diminuição do valor mensal a ser pago e conseqüente aumento do preço total do imóvel no final das contas, já que os juros se mantêm iguais. ?Adquire-se dois produtos: o imóvel e o dinheiro?, justifica o presidente do Corecon.

Procura

A superintendente do consórcio de imóveis Ademilar, de Curitiba, Tatiana Reichmann, acredita que o aumento da procura pelos consórcios se deve ao fato que ?o brasileiro está aprendendo a planejar a compra e preferindo esperar do que pagar juros?. Ela acrescenta que as empresas estão investindo em iniciativas para viabilizar a entrada do cliente no consórcio. ?As prestações são reduzidas até a contemplação. Quando recebe o imóvel e deixa de pagar aluguel, o participante passa a pagar menos?, informa Tatiana, que acredita terem os consórcios ?menos burocracia na hora de pegar o imóvel e declaração mais simplificada no imposto de renda?.

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