O coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, observou que a deflação de 0,35% no Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de julho foi influenciada principalmente pelo óleo diesel e pelo minério de ferro. Citou também a soja no atacado e o câmbio. De acordo com ele, o câmbio já está diminuindo sua influência de queda nos preços, o diesel pode ter esgotado seu movimento de redução agora no IGP-10 e a redução do minério de ferro também vai diminuir futuramente.

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O raciocínio dele é de que, com a mudança nesses fatores, os IGPs medidos pela FGV devem voltar a taxas positivas novamente. “A gente pode esperar que os IGP deixem a zona de deflação. Não sei se em agosto, mas é possível”, afirmou Quadros.

O óleo diesel foi a principal influência de queda no Índice de Preços por Atacado – 10 (IPA-10) de julho, com -7,02% nos preços, quando em junho a redução havia sido de 0,08%. “O efeito do óleo diesel no mês que vem será residual”, disse Quadros. O minério de ferro suavizou a queda, que foi de 14,34% em junho, para 7,03% em julho. Os demais minerais subiram de preço em julho, mas o minério de ferro foi suficiente para levar o grupo a uma queda de -3,35% no mês. A soja havia subido 3,02% em junho, mas em julho teve taxa negativa de -1,21%.

Quadros observou também que o preço do leite industrializado no atacado desacelerou alta de 7,98% em junho para 6,64% em julho. Já o preço do leite in natura continuou subindo, de 6,24% em junho para 8,42% em julho, ainda como campeão de influência positiva no IPA, e o leite longa vida foi o de maior influência positiva no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), apesar da desaceleração de 12% em junho para 10,68% em julho. “O leite in natura está subindo, mas os produtores não estão conseguindo repassar esse movimento de alta no industrializado”, observou.

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Possível recorde

A deflação de -1,54% acumulada pelo IGP-10 do início do ano até o índice de julho “provavelmente” é a maior para o mesmo período da série do indicador, iniciada em 1993, disse o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele argumentou que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) teve deflação pela primeira vez no primeiro semestre este ano, de 1,04%. A série do IGP-DI é bem mais longa, começou em 1944. A diferença do período de coleta do IGP-10 para o IGP-DI é pequena. O IGP-DI vai do primeiro ao último dia de cada mês do calendário. No caso do IGP-10, a pesquisa vai do dia 11 de um mês até o dia 10 do mês de referência.

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Assim, o acumulado do IGP-10 de 2009 até julho pega do dia 11 de dezembro de 2008 a 10 de julho de 2009. O IGP-DI até junho foi do dia primeiro de janeiro de 2009 ao dia 30 de junho deste ano. No acumulado de 12 meses até julho, a deflação de 0,06% no período até julho deste ano é a maior desde a dos 12 meses encerrados em maio de 2006, que foi de 0,42%. Olhando cada mês isoladamente, a deflação medida pelo IGP-10 de julho, de 0,35%, é menos intensa do que a de abril deste ano, quando o índice foi de -0,71%. Para meses de julho, a taxa deste mês é a menor desde julho de 2005, quando o IGP-10 ficou em -0,37%.