Foto: Aliocha Maurício/O Estado |
Sala de espera de agência de emprego: as oportunidades devem aumentar. |
As projeções para o mercado de trabalho em 2007 traçadas pelo meio sindical são otimistas, incluindo a possibilidade de aumento de contratações e redução do estoque de desempregados no País. Conforme cenário projetado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), dependendo do grau de ousadia a ser aplicado pelo governo no pacote de medidas que estimulem o crescimento econômico, o País poderá notar uma queda mais acentuada do desemprego.
?As indicações dadas pelo governo são de estímulo aos investimentos em infra-estrutura. Confirmadas, terão grande impacto na geração de ocupações?, analisa a assessora técnica do Dieese Patrícia Lino Costa.
A técnica observa que também joga favoravelmente ao movimento de contratações a elevação do salário mínimo para R$ 380 – estimulando o consumo da população de menor renda – e os incentivos à construção civil.
Por outro lado, ela pondera que, ratificada a projeção do crescimento do PIB de 3,5% este ano, considerada pela maioria do setor financeiro, o mercado de trabalho tenderá a manter a redução da massa de desempregados, porém num ritmo lento, seguindo o comportamento verificado nos últimos dois anos. Em novembro, a taxa de ocupação verificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) era de 9,5% da População Economicamente Ativa (PEA), nas seis principais regiões metropolitanas do País. Já a Pesquisa Mensal de Emprego e Desemprego (PED), produzida pelo Dieese em parceria com a Fundação Seade, identificou índice de 14,1% de desempregados na PEA da Grande São Paulo, o menor para o mês desde 1996.
?O fato é que o desemprego caiu mais em São Paulo, puxado pela indústria, e Belo Horizonte, por serviços, e não teve o mesmo comportamento no restante do País. Acreditamos que há espaço para a indústria expandir contratações, acompanhada por serviços, e o crescimento do emprego ocorrer em todas as regiões?, indicou Patrícia.
Uma vez que as projeções são de continuidade de queda dos juros em ritmo lento e de câmbio sem grandes oscilações, a perspectiva do Dieese é de contratações atreladas ao consumo do mercado doméstico. Assim, os segmentos ligados a calçados, vestuário, têxtil e alimentação deverão gerar os postos de trabalho.
Na mesma linha, os prestadores de serviços ligados à indústria também poderão se beneficiar desse ambiente favorável de criação de empregos.
A preocupação do Dieese para o conjunto do ano ainda se refere à renda do trabalhador. Conforme a pesquisa do IBGE, o rendimento médio real de novembro, nas seis regiões, ficou em R$ 1.056,60, alta de 0,6% em relação a outubro e representando um ganho de aproximadamente 5,7% em um ano. Em outubro, a PED identificou recuo do rendimento dos trabalhadores na Grande São Paulo, de 3,7% ante setembro, equivalendo a R$ 1.105.
?A massa de salários está crescendo com a expansão da ocupação, mas o rendimento médio ainda não reage. Os postos criados são de remuneração menor, um movimento normal, dado o alto volume de desempregados que ainda há no País?, justificou.
Segundo ela, a expansão da atividade econômica e a queda do desemprego poderão estabelecer condições para os sindicatos buscarem melhores reajustes salariais nas campanhas coletivas.