Os preços do açúcar e do álcool combustível superaram a variação da inflação nos últimos 12 meses encerrados em outubro, segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No período, enquanto o Índice do Custo de Vida (ICV) acumulou taxa de 4,00%, o preço do açúcar apresentou expressiva variação de 63,96% e o do álcool aumentou 10,64%.

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De acordo com os técnicos do Dieese, a alta no preço do açúcar tem, em grande parte, origem no aumento das exportações brasileiras, “resultado da quebra de produção da cana-de-açúcar na Índia, grande fornecedora deste produto no mercado mundial”. Segundo eles, a série utilizada para análise que apresenta as quantidades exportadas pelo Brasil desde 2001 revela que o maior volume exportado foi observado em 2008 e 2009, quando houve um acréscimo anual de 11,8%.

“Estes fatores externos resultaram em aumento das exportações brasileiras e alta no preço internacional do açúcar, causando forte impacto na comercialização deste produto no mercado brasileiro”, destaca estudo do Dieese. Conforme análise dos técnicos, o preço do açúcar se manteve entre novembro de 2008 a outubro de 2009 em um patamar superior ao ICV. Ressaltaram, porém, que, nos meses de fevereiro (7,19%) e março (12,72%), observou-se, na variação do preço do produto, um maior “descolamento” em relação ao nível inflacionário. “Nos meses seguintes, o ritmo de reajuste caiu vindo a apresentar, em alguns meses, variações negativas. A partir de julho deste ano, no entanto, volta a se verificar alta em seu preço que, nos dois últimos meses, chega a atingir variações de 12,46%, em setembro, e 10,09%, em outubro, acumulando forte alta de 23,81%”, complementaram.

Quanto ao comportamento do álcool, que tem ligação com o que vem acontecendo com o açúcar, os técnicos do Dieese enfatizaram que a movimentação foi bem distinta. Segundo eles, a série das taxas acumuladas iniciada em novembro do ano passado permaneceu inferior ao ICV até setembro de 2009 e, somente em outubro, o produto ultrapassou a variação acumulada do indicador de inflação. “No período de março a junho deste ano, as taxas mensais do álcool foram negativas, acumulando no quadrimestre uma deflação da ordem de -13,50%, enquanto, nos meses que se seguiram, foram detectados aumentos acentuados, especialmente em outubro, de 12,87%.”

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Para o Dieese, a taxa de reajuste do álcool nos próximos meses deve cair. “Um dos motivos é a entrada da safra da cana de açúcar e outro refere-se à relação entre o preço do álcool e o da gasolina”, destacaram os técnicos. Eles lembraram que é recomendado ao consumidor que possui veículo flex utilizar o álcool sempre que a relação de seu preço em comparação ao da gasolina for inferior a 70%. Acima deste porcentual deve-se optar pela gasolina, já que há uma vantagem calculada considerando que o poder calorífico do motor a álcool é de 70% do poder nos motores à gasolina.

De acordo com o Dieese, nos seis primeiros meses da série iniciada em novembro de 2008, esta relação situou-se em torno de 54%; de maio a julho caiu para 50%; e, nos meses seguintes, subiu, porém mantendo-se no nível de 54%. Esta porcentagem, no entanto, descola-se de forma acentuada neste último mês, chegando a 60,4%. “Se a relação for maior ou igual a 70%, ocasião em que o consumidor poderá optar, com vantagem, por abastecer seu veículo com gasolina, deverá aumentar a oferta de álcool no mercado interno, colaborando para a queda de seu preço”, salientaram os técnicos.

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