O Dia Internacional do Consumidor é comemorado amanhã, mas com preocupação de especialistas em relação ao endividamento da população, que vem aumentando nos últimos anos. Enquanto, em dezembro de 2008, o volume de empréstimos era equivalente a 39,7% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, em janeiro deste ano a porcentagem aumentou para 44,6%.

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Apesar de mostrar preocupação com o maior endividamento, o consultor financeiro Raphael Cordeiro ressalta que o custo geral dos empréstimos não aumentou na mesma magnitude, por causa da queda nos juros. Para ele, as pessoas endividadas continuam sendo as mesmas: em geral, diz, são as desorganizadas financeiramente e que caem com maior facilidade em armadilhas de promoções, comprando por impulso.

Para o professor de Finanças Amilton Dalledone Filho, da FAE Centro Universitário, o consumidor tem comprado mais devido à estabilidade econômica atual. “Com as facilidades, a maioria deles não resiste à tentação do crédito fácil”, afirma. Ele acredita que ainda falte muita educação financeira, mas afirma perceber uma melhor noção sobre o assunto entre os jovens. Ele atribui a evolução às escolas, que têm trabalhado mais o tema.

Cordeiro lembra que a educação financeira nunca foi tão importante quanto hoje, quando a intensidade com a qual lidamos com o dinheiro é a maior da história da humanidade. “A ignorância financeira é, sem dúvida alguma, um dos problemas mais perversos da sociedade moderna”, diz.

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Já Dalledone recomenda que os consumidores que costumam comprar por impulso e querem mudar de comportamento comecem a sair de casa sem dinheiro, cartão ou talão de cheques. Decidir mais racionalmente, para ele, é fundamental. Nesse caso, ele aconselha as pessoas a resistirem ao impulso imediato lembrando dos seus sonhos de médio e longo prazo.

Cordeiro lembra também que as buscas por melhores preços e produtos na internet podem ser grandes aliadas. A rede ajuda, também, na hora de pesquisar sobre a qualidade de produtos ou serviços, tema bastante abordado em redes sociais. “Compras em supermercado pela internet, por exemplo, limitam muito as aquisições por impulso”, aconselha. Dalledone lembra que a internet pode ser, ainda, grande aliada no planejamento financeiro, já que há vários sites que ajudam os consumidores a controlar suas despesas.

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Melhora

De acordo com o advogado Francisco Fragata Jr., especializado em Direito do Consumo, a relação dos consumidores com as instituições financeiras evoluiu mais do que com outros fornecedores de bens e serviços, desde a implantação do Código de Defesa do Consumidor, em 1990. Para ele, os contratos, apesar de mais longos, ficaram mais claros e fáceis de entender e as operações financeiras relacionadas a empréstimos e cobranças passaram a ter maior transparência.

Otimista, Fragata acredita os Serviços de Atendimento ao Consumidor (SACs) também estão mais eficientes, depois que receberam investimentos em tecnologia de ponta e treinamento das equipes. Para ele, a entrada em vigor da chamada Lei do SAC, em dezembro de 2008, contribuiu, já que exigiu que as empresas atendam os clientes em até um minuto.

A tecnologia também ajudou, acredita Fragata, a fazer com que os clientes dos bancos passassem cada vez mais a acessar os serviços em casa ou no escritório, causando diminuição nas filas das agências. Ele afirma que o País apenas está atrasado no acesso aos bancos via telefone celular.

No entanto, de acordo com o especialista, os próprios avanços resultaram em novos problemas, já que as adaptações, muitas vezes caras, têm seus custos transferidos para o consumidor. Para ele, só a livre concorrência pode solucionar a questão. Outro ponto ruim apontado por ele é o fenômeno do superendividamento, que vem sendo tratado, nos &ua,cute;ltimos anos, apenas por países mais avançados na defesa do consumidor.

Procon anuncia mutirão e prevê três mil audiências até abril

Aproveitando o gancho do Dia Internacional do Consumidor, o Procon-PR inicia amanhã um mutirão de audiências em sua sede, em Curitiba. O órgão de defesa do consumidor planeja realizar cerca de 3 mil audiências durante a ação, que deve durar até 15 de abril. Reclamações contra fornecedores também poderão ser feitas. Para a terça-feira (16), está programada feira de serviços, na praça Santos Andrade.

Nas audiências, os consumidores poderão buscar acordos para problemas em produtos ou serviços. Para a coordenadora do Procon-PR, Ivanira Gavião Pinheiro, o mutirão ajudará a agilizar o atendimento do órgão, que recebe um grande número de reclamações diariamente. Ela lembra que o Procon tem “por objetivo e obrigação dar um tratamento célere aos cidadãos que o procuram”, e afirma que a expectativa, durante a ação, é solucionar pelo menos 80% dos processos.

Já na feira de serviços da praça Santos Andrade, a intenção do Procon-PR é estimular o consumidor a conhecer seus direitos. Dúvidas de consumo também poderão ser esclarecidas. O atendimento começa às 9h e vai até as 17h. Órgãos e empresas como o Instituto
de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem), Copel, Sanepar, Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) e a Agência Nacional de Saúde (ANS) devem participar.

A sede do Procon-PR em Curitiba fica na Alameda Cabral, 184, esquina com a Rua Cruz Machado, no Centro. O atendimento telefônico é feito pelo número 0800-41-1512.