Já há alguns anos, maio, que tradicionalmente ainda é o mês das noivas, já não é mais o mês em que mais há casamentos. O final do ano tem sido o período em que a indústria matrimonial fica mais aquecida. Buffets, músicos, confeiteiros, estilistas, fotógrafos e uma série de outros empreendimentos e profissionais autônomos estão, nesta época, a todo vapor cuidando dos últimos detalhes de eventos que começaram, em geral, a ser programados há mais de um ano, e que podem custar de R$ 30 mil a R$ 500 mil.
De acordo com a assessora de eventos Eleandra Cervilha Terêncio, a partir de setembro os trabalhos já começam a ficar mais intensos. Mas nada acontece de surpresa, já que, especialmente quem opta por casar nessa época do ano, iniciou o planejamento pelo menos um ano antes. A antecedência, segundo ela, não é exigida por causa da programação em si, mas por causa das reservas de igreja e local de festa, e a contratação de profissionais.
Segundo Eleandra, os custos dos casamentos que produziu durante o ano variaram entre R$ 30 mil e R$ 150 mil a maioria, no entanto, custou de R$ 70 mil a R$ 80 mil. No caso dela, os clientes são livres para escolher se pagam a ela ou diretamente aos profissionais terceirizados. A maioria, conta, acaba parcelando os valores e vai pagando durante os meses de preparação do evento. Ela diz que os valores mais altos são gastos na alimentação, seguida pela decoração, a música e a foto e vídeo.
O estilista Edson Eddel é um exemplo de profissional que precisa ser contratado com grande antecedência. Segundo ele, vestidos de noiva que estão ficando prontos agora foram pedidos há mais de um ano. “O trabalho de 2009 é reflexo de 2008”, explica. Isso significa que ele já tem encomendas para o final de 2010 e parte de 2011.
Para dar conta do trabalho, Eddel, que tem 18 funcionários principalmente bordadeiras e costureiras , chega a contratar mais alguns e até dobrar o expediente entre outubro e dezembro. “O forte mesmo é o final de ano. Se dependesse só de maio, morreria de fome”, brinca o estilista.
Como os valores dos vestidos chegam a R$ 7 mil (no caso de primeira locação), Eddel conta que facilita a vida das noivas, parcelando o valor já desde a contratação, via boleto bancário. O método, diz ele, garante inadimplência zero, ao contrário do parcelamento em cheque que usava anteriormente, em que 30% dos pagamentos não eram honrados.
Mais caros
De acordo com a proprietária de buffet Lucimara Fernandes dos Santos, os trabalhos também são intensos no final de ano, nem só por causa dos casamentos, mas também por conta de outros eventos que tradicionalmente acontecem nessa época. Porém, segundo ela, nem só o trabalho aumenta: “O custo também, principalmente entre 20 de novembro e 31 de dezembro. O valor dos serviços e da matéria-prima fica muito alto”, afirma.
Conforme a empresária, contratar um bom garçom para uma noite, por exemplo, não sai por menos de R$ 120 – em outras épocas do ano, o custo é de R$ 100. Assim como na maioria da cadeia envolvida no ramo, as contratações do buffet são antecipadas em cerca de um ano. “Agora estou fechando para o final de 2010”, diz. Até lá, se prevenindo contra eventuais aumentos nos contratos que precisa fazer em relação ao que cobrou em 2009, Lucimara teve que aumentar em 10% os preços para o ano que vem.
Alternativa pode ser o casamento coletivo
Orçamentos a partir de R$ 30 mil para casamentos não são motivo para afugentar noivos (ou noivas) de renda mais baixa do altar. Casais com renda total de até três salários mínimos podem recorrer aos casamentos coletivos, que são gratuitos e cada vez mais comuns. De acordo com o coordenador do programa Paraná em Ação (que organiza os matrimônios), Marcírio Machado Sobrinho, mais de 10 mil casais já utilizaram do benefício desde 2004.
O diretor de Registro Civil da Associação dos Notários e Registradores do Estado do Paraná (Anoreg-PR), Ricardo Leão, afirma que a iniciativa é positiva para que os casais sa,iam da informalidade das uniões estáveis e tenham mais segurança jurídica.
Para Leão, o número de matrimônios vem aumentando a cada ano, e isso tem razões práticas: as uniões estáveis, segundo ele, nem sempre refletem a vontade do casal em relação ao regime de bens. “Em uma dissolução, o juiz acaba aplicando a lei, e não o desejo das partes”, diz. “Nos anos noventa, as pessoas achavam mais fácil se juntar do que casar. Mas a burocracia no Judiciário fazia as separações muitas vezes serem traumáticas.”
O próximo casamento coletivo organizado pelo programa será em Curitiba, no próximo final de semana. Segundo Sobrinho, 636 casais se inscreveram. As inscrições aconteceram em setembro. Os custos do casamento coletivo, segundo ele, são cobertos por parcerias. “Assim, os casais economizam e podem comprar eletrodomésticos, por exemplo”, pondera Sobrinho.