As desonerações para o setor produtivo no próximo governo deverão exigir contrapartidas dos empresários, ao contrário do que ocorreu durante a crise financeira internacional, quando os incentivos foram concedidos sem exigências, afirmou hoje o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge. “Houve um erro em não discutirmos as contrapartidas. Tomamos as medidas na pressão da crise e não tivemos tempo para discutir isso”, admitiu. “Em alguns casos não discutimos as desonerações nem mesmo com trabalhadores e sindicatos”, lembrou o ministro.
Em café da manhã com jornalistas, Miguel Jorge adiantou que a exigência será uma das diretrizes da nova fase da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) no governo da presidente eleita, Dilma Rousseff. Segundo ele, a contrapartida poderá ser dada pelos empresários em termos de emprego, preço ou inovação.
Miguel Jorge, que não fará parte do novo governo, afirmou que o projeto para a nova PDP com as metas para os anos a frente já está “basicamente pronto” e será apresentado ao próximo ministro tão logo haja a indicação oficial por parte de Dilma. De acordo com ele, apenas no próximo ano a proposta deverá ser levada à presidente eleita, que coordenava a política quando era ministra da Casa Civil.
O ministro destacou a importância da primeira fase da PDP lançada em maio de 2008 que, segundo ele, teria sido fundamental para o enfrentamento da crise financeira mundial que foi deflagrada em outubro do mesmo ano. De lá para cá, ressaltou, foram mais de R$ 100 bilhões em desonerações para o setor produtivo, além da criação dos complexos industriais da Defesa e da Saúde e dos fóruns de discussão com demais setores.