As medidas de estímulo a uma série de setores da economia nacional, anunciadas anteontem pelo governo federal, devem refletir positivamente no Paraná.
Indústrias como a automobilística, de caminhões e de eletrodomésticos já devem sentir imediatamente os efeitos dos benefícios, enquanto a construção civil ganha fôlego para perceber o impacto promovido pelas medidas anteriores.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, as medidas de desoneração tributária são importantes e trazem boas novidades, como a criação de fundos garantidores para facilitar o acesso ao crédito por micro e pequenas empresas, e a desoneração de bens de capital. “O governo está tendo sensibilidade e iniciativa. Isto é vital para animar a economia e amenizar os efeitos da crise”, afirmou, em nota à imprensa.
O presidente da Fiep, porém, pediu menos burocracia para acesso aos benefícios, e cobrou mais ações do governo, como uma completa desoneração dos investimentos e das exportações, e a revisão da política fiscal.
O presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, também elogia as medidas, mas pede mais ao governo. “Absorvemos a notícia de forma extremamente positiva”, revelou. “Mas está na hora do governo começar a trabalhar uma reforma tributária. A redução mostra que há espaço para rever e reduzir definitivamente as taxas.”
Para Selig, as medidas que já estavam em vigor tinham surtido pouco efeito na construção civil até agora exceto em produtos como o piso cerâmico e o cimento , já que a cadeia no setor é mais longa.
“Com a prorrogação [do desconto], vamos sentir um impacto mais forte”, previu, lembrando que o consumidor final só deverá perceber mudanças nos preços se estiver construindo, ou se comprar imóveis ainda na planta.
O economista Luiz Afonso Cerqueira, membro do Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR), classificou as medidas como inteligentes, diferentemente das anteriores, “voltadas para consumo com viés eleitoreiro”.
Ele explicou que o pólo automobilístico paranaense será imediatamente beneficiado, já que poderá manter o nível de vendas enquanto os efeitos negativos da crise não passam.
Para ele, a Volvo, que está negociando, esta semana, a suspensão temporária dos contratos de trabalho de até 300 funcionários deve ser uma das mais beneficiadas, já que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos caminhões irá durar até 31 de dezembro, e a demanda por transporte tende a aumentar no segundo semestre, devido principalmente às safras agrícolas.