A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) foi surpreendida pelo anúncio da Varig de que suspenderá os vôos internacionais de longa distância a partir de maio. "A Anac não foi comunicada oficialmente", disse nesta sexta-feira (11) a presidente da agência, Solange Paiva Vieira. Solange informou que a empresa não tinha obrigação de fazer o comunicado antes de tornar pública a suspensão dos vôos, mas que agora terá de fazer uma notificação formal.

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"A empresa tem liberdade de decidir sobre os vôos e depois notificar. O foco da Anac agora é fiscalizar para que o passageiro seja atendido", disse Solange. A Anac vai observar se a empresa cumprirá a obrigação de devolver o dinheiro aos passageiros ou endossar bilhetes de outras companhias.

A notícia do cancelamento das rotas se espalhou durante a abertura da 1ª Feira Anac de Aviação Civil, que acontece até domingo (13) no Terminal 2 do aeroporto de Brasília. O primeiro dia teve a presença do ministro da Defesa, Nelson Jobim e de empresários e executivos do setor aéreo, que assistiram ao vôo de uma réplica do Demoiselle, avião criado por Santos Dumont há cem anos.

Preços liberados

Quando chegaram os primeiros comentários sobre o fim das rotas da Varig, Jobim estava deixando a feira, organizada pela Anac, com patrocínio da própria agência e das companhias aéreas.

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A decisão da Varig de encerrar os vôos reforçou o discurso das empresas brasileiras contra a liberação do preço das passagens áreas para a Europa. A medida está em estudo pela Anac e acabaria com o teto para descontos nos bilhetes que tem que ser cumprido atualmente pelas companhias estrangeiras.

"Se liberar o preço para a Europa, as empresas brasileiras vão quebrar", disse o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), José Márcio Mollo. Segundo ele, a liberação levaria concorrentes estrangeiras a cobrarem preços muito mais baixos que não poderiam ser equiparados pelas brasileiras.

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"No Brasil, o leasing dos aviões, o seguro, o combustível, é tudo mais caro", disse Mollo. O dirigente lamentou a suspensão dos vôos da Varig para México, Madri e Paris. "É mais mercado das empresas brasileiras perdido. Uma vez perdido para empresas estrangeiras, dificilmente será recuperado", afirmou.

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, disse que o fim dos vôos internacionais da Varig "é péssimo para o Brasil". "É menos uma opção. Se outra empresa (brasileira) não tiver capacidade de assumir rapidamente (os trechos suspensos), vamos perder para as estrangeiras. Vamos perder passageiros, perder divisas. Esse cenário é desastroso. Havia uma expectativa de que a Varig manteria essas rotas", afirmou Graziella.

TAM

O presidente da TAM, David Barioni, disse que a saída da Varig das rotas internacionais de longa distância não terá grande impacto na concorrente, porque "as ofertas de assento eram poucas". "Nossas concorrentes são as empresas internacionais", disse Barioni. Segundo ele, o mercado de vôos internacionais no Brasil tem 65% de empresas estrangeiras e 35% de brasileiras. O executivo disse que a TAM manterá o planejamento de longo prazo de investimento de US$ 8 bilhões até 2020 na ampliação da oferta de vôos e na compra de 36 novos aviões.