Desenvolvimento sustentável no comércio

A pior seca dos últimos 40 anos em Curitiba e as temperaturas mais baixas de 2006 ao invés de serem registradas em julho, só aconteceram no início de setembro no sul do País. Muitos dos recursos naturais, considerados como fontes inesgotáveis pela indústria de massa, estão com os dias contados e por conta da extração desmedida, a natureza escancara as provas contundentes dos danos causados ao meio ambiente.  

Além da devastação do espaço natural, o atual modelo de produção tem muitas outras características que já se mostraram ineficazes para o desenvolvimento humano. Apesar de toda a construção de conhecimento e de novas tecnologias, milhões de pessoas vivem marginalizadas e com muito menos do que é necessário para o crescimento saudável de um cidadão.

A partir da década de 60, começaram a brotar em todo o mundo diálogos sobre novas formas para o crescimento da sociedade. De lá para cá, o agravamento das moléstias que atingem todo o globo e descobertas como o buraco na camada de ozônio engrossaram a conversa, que chegou num denominador comum: a falência do atual sistema produtivo. Com isso, pensadores começaram a elaborar as premissas do desenvolvimento sustentável, que se apresenta hoje como alternativa ao atual modelo econômico.

O desenvolvimento sustentável prega o crescimento econômico baseado numa nova cultura que contemple a formação do indivíduo e a utilização racional dos recursos naturais. O objetivo é que as gerações futuras também possam utilizar os mesmos meios de produção, agregando conhecimento, tecnologia e preservando o meio ambiente.

Acreditando neste princípio, o Instituto Paraná Desenvolvimento lançou o seu Núcleo de Sustentabilidade. O novo braço da entidade é responsável por uma série de projetos sustentáveis, que já estão em andamento por todo o Paraná, com destaque para a Região Metropolitana de Curitiba e para a Mesorregião da Ribeira.

Para Adriano Sica de Campos, administrador e coordenador da iniciativa, os projetos fundamentados no desenvolvimento sustentável formam mercadorias para serem apresentadas tais como elas são para os consumidores, sem regras mercadológicas. ?O produto sustentável não pode ser comercializado da forma tradicional, pois ele consiste na tomada de consciência tanto da forma de produção pelos seus produtores, quanto de quem os utiliza?, afirma.

Para ele, o grande diferencial dos artigos é a própria forma de produção, que valoriza a individualidade de cada mercadoria, criando uma peça única, comprometida com os meios de fabricação e que não visa exclusivamente o lucro, mas sim a sustentabilidade da iniciativa.

Além disso, os projetos sustentáveis têm princípios que não permitem a venda convencional das mercadorias. A venda não pode ser praticada da forma convencional, com concentração de lucros e criando necessidades para o consumidor. Os projetos sustentáveis se apóiam nas leis do comércio justo, com comunhão de conhecimento, cooperativismo e equalização dos lucros.

O núcleo

O Núcleo de Sustentabilidade abre suas portas com quatro campos de atuação com iniciativas já aplicadas. O primeiro, intitulado como Orgânicos, fomenta uma alternativa para a produção de alimentos que integre o produtor ao mundo urbano, avançando para o futuro, sem destruir o passado.

Em Energias, a entidade auxilia propostas que utilizam outra forma de obtenção de energia que não o petróleo, que já está com os dias contados. Em Fibras, a idéia é trabalhar a elaboração de produtos de bens duráveis com matéria-prima extraída do vime, da bananeira e do bambu.

A entidade também investe em projetos que tenham como tema os Fios. A intenção é produzir roupas e tecidos que, além de serem naturais, são antibacterianos e ajudam a regular as sensações térmicas corporais, conforme o calor e a umidade do ambiente.

A instituição mantém mais de uma dezena de iniciativas em andamento e até o final deste semestre deve abrir outros editais e firmar novos convênios.

IPD

O Instituto Paraná Desenvolvimento é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada por empresários do Paraná em 1996. A entidade tem como objetivo identificar e desenvolver iniciativas inovadoras que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável de uma comunidade e no crescimento do indivíduo.

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