Desemprego volta a assombrar a Espanha

A cada dia, 4 mil pessoas perdem o emprego na Espanha. O índice de desemprego do país, de 15,5%, é o mais alto entre os 30 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), cuja taxa média é de 7,3%. O Banco da Espanha (banco central) prevê que o índice chegará a 17,1% este ano. Em um ano, 1,3 milhão de pessoas juntaram-se ao contingente, que soma 3,6 milhões. O desemprego espanhol é tradicionalmente alto, por causa dos altos encargos trabalhistas, do alto custo das demissões e da sazonalidade, vinculada ao turismo no verão. Para contornar esses custos, as empresas recorrem a contratos temporários, que representam um terço do total. Eles contribuem para aumentar o índice de desemprego, já que são maiores as chances de a pesquisa detectar o trabalhador entre um emprego e outro, segundo integrantes da equipe econômica do governo.

Depois de superar os 20% nos anos 90, o desemprego havia caído para 7,6% em 2007, no auge do boom econômico, impulsionado pela construção civil. Entre 2004 e 2007, foram construídas na Espanha cerca de 750 mil casas por ano, quando a demanda real era a metade disso, estima José Juan Ruiz, diretor do Banco Santander para as Américas.

Depois de ter sido um dos motores do crescimento europeu, a Espanha se torna um dos países mais fragilizados na crise. Seu crescimento (3,9% em 2006 e 3,7% em 2007) era impulsionado por um investimento de 30% do Produto Interno Bruto em infraestrutura, na construção civil e em bens de capital. Apesar de alta – 20% do PIB -, a poupança interna não era suficiente para cobrir esses investimentos, analisa Rafael Doménech, economista-chefe do Banco BBVA para a Espanha e a Europa. Os outros 10% resultavam em déficit na conta corrente, financiado com endividamento externo. Em todo o ano de 2008, o PIB ainda cresceu 1,2%, mas, no último trimestre do ano, encolheu 0,7%. Para 2009, o Banco da Espanha projeta queda de 3% do PIB.

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