A taxa de desemprego surpreendentemente voltou a crescer para o patamar recorde de 13% em agosto, segundo pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em julho, a taxa havia revertido a tendência de alta dos meses anteriores caindo de 13% para 12,8%. O resultado surpreende porque historicamente o desemprego no Brasil começa a recuar em abril. As empresas voltam a contratar funcionários após o primeiro trimestre, período em que o consumo é tradicionalmente fraco.

Neste ano, porém, o desemprego apresentou tendência de alta durante os primeiros seis meses do ano e só recuou em julho. Analistas esperavam que o recuo de julho representasse uma tendência, o que acabou não se concretizando em agosto.

Reativação em xeque

O aumento do desemprego pode significar duas coisas: que a economia brasileira ainda não iniciou uma fase de recuperação conforme as apostas da maioria dos analistas de mercado ou que essa reativação ainda é muito tímida e insuficiente para evitar a deterioração do mercado de trabalho.

A expectativa de reativação foi criada principalmente pelos quatro cortes na taxa básica de juros da economia brasileira promovidos pelo Banco Central – a taxa caiu de 26,5% para 20% ao ano de junho a setembro.

Além disso, o governo divulgou uma série de medidas de incentivo ao crédito, que deveriam estimular o consumo, movimentar a economia e, por conseqüência, ter impacto positivo no emprego. Mas até o agora o mercado de trabalho permanece desaquecido.

Regiões

O maior crescimento do desemprego em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado ocorreu em Salvador (3,2 pontos percentuais), Recife (3,1 pontos), Porto Alegre (2 pontos) e São Paulo (1,8 ponto).

Por idade, cresceu em 3 pontos percentuais o desemprego entre os jovens de 16 a 24 anos, atingindo uma taxa de 26,3%. Foi a faixa etária que apresentou o maior índice de desemprego.

PEA

A PEA (População Economicamente Ativa) cresceu cresceu 1,1% entre julho e agosto e 5,1% entre agosto do ano passado e o mesmo mês deste ano. Ingressaram no mercado de trabalho 1 milhão de pessoas.

A pesquisa demonstrou que havia 18,48 milhões pessoas trabalhando nas seis regiões pesquisadas, apresentado uma alta de 0,8% em relação a julho e de crescimento de 3,5% em relação a agosto do ano passado.

Carteira

Os empregados com carteira assinada tiveram estabilidade tanto na comparação mensal quanto na anual. Porém, os trabalhadores informais aumentaram 3,2% entre julho e agosto, o que representa mais 125 mil pessoas sem carteira assinada.

Já os trabalhadores por conta própria apresentaram estabilidade nas áreas pesquisadas. Em relação a agosto do ano passado, houve um aumento de 8,4%, ou mais 289 mil trabalhadores.

Renda do trabalhador volta a subir

O rendimento médio do trabalhador brasileiro interrompeu uma seqüência de sete meses de queda em agosto e cresceu 1,5% em relação ao mês anterior, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com isso, o rendimento médio dos brasileiros passou para R$ 847,90.

Houve crescimento em quatro das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. A maior alta foi registrada em Salvador: 6,3%. Porto Alegre ficou em segundo lugar (4%) seguido de São Paulo (1,7%) e Rio de Janeiro (1,2%).

As duas regiões que apresentaram queda na renda foram as de Recife (-1,8%) e Belo Horizonte (-0,9%).

Nesse mesmo período, houve crescimento do rendimento médio dos trabalhadores com carteira assinada da iniciativa privada. A alta foi de 2,2%. Também recuperaram a renda os sem carteira assinada (+5,1%) e os autônomos (+3,9%).

Embora tenha registrado leve recuperação em agosto, na comparação com mesmo mês do ano passado, a queda na renda chega a 13,08%

Outras comparações

Na comparação com agosto de 2002, o rendimento médio teve queda acumulada em todas as regiões pesquisadas. A média de redução do salário foi de 13,08%.

O pior resultado foi registrado em Recife. A queda foi de 19,2%.

O pessoal de Salvador pode comemorar, pois teve a menor redução da renda, de -5,4%.

No Rio de Janeiro, o rendimento médio na comparação anual caiu em 18,1% e em São Paulo, 12,2%.

Quem mais teve queda de renda foram os trabalhadores por conta própria. A redução foi de 21%. Em segundo lugar, vieram os que trabalham com assinada (-9,5%).

Quem menos registrou queda de renda foram os empregados sem carteira (-4,7%).

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