A taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do País caiu, pelo segundo mês seguido, em setembro. A renda do trabalhador, no entanto, não acompanhou os sinais de melhora na economia e também recuou. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego caiu para 10,5% da PEA (População Economicamente Ativa) no mês passado.
Trata-se da menor taxa desde outubro de 2001, mês em que o IBGE modificou a metodologia da pesquisa de emprego e iniciou uma nova série histórica. Em dezembro de 2002, o indicador chegou a atingir o mesmo patamar, de 10,5%.
Segundo o gerente da pesquisa, Cimar Pereira, a leitura dos resultados é otimista. "Ter esse resultado no décimo mês do ano é bastante positivo. Em 2002 isso só aconteceu em dezembro", disse.
Em setembro, a taxa havia ficado em 10,9%, abaixo dos 11,4% verificados em agosto. Também houve queda na comparação com outubro do ano passado, quando a taxa havia sido de 12,9%.
Entre as regiões, na comparação entre setembro e outubro, houve queda significativa em Porto Alegre, onde a taxa caiu de 8,7% para 7,6% da PEA. Em São Paulo, a taxa caiu de 11,7% para 11,2%.
Normalmente, no fim do ano a taxa de desemprego apresenta queda em razão do aumento do número de trabalhadores temporários. Em razão disso, o IBGE prevê uma tendência de queda ainda maior para a taxa de desemprego, mas não arrisca previsões sobre a possibilidade de a taxa ficar em apenas um dígito.
Parte do resultado positivo, no entanto, pode ser atribuído à redução no número de pessoas em busca de emprego. Houve queda de 4,1% em relação a setembro. Neste período, 98 mil pessoas pararam de procurar trabalho.
Hoje, a população desocupada soma 2,3 milhões de pessoas. Em relação a outubro do ano passado, a variação é ainda mais significativa: houve uma queda de 17,9%, o equivalente a 495 mil pessoas.
Segundo Pereira, a queda em relação a outubro do ano passado pode ser explicada pela maior absorção de mão-de-obra no mercado de trabalho, com destaque para as contratações na indústria.
Ainda não há como explicar uma variação tão expressiva de setembro para outubro, segundo o IBGE. O instituto afirma, no entanto, que não houve aumento no desalento, o estágio em que a pessoa simplesmente desiste de procurar emprego. Parte da população que parou de procurar emprego neste período, no entanto, tornou-se inativa.
Neste perfil enquadram-se principalmente mulheres, pessoas entre 18 e 24 anos, com 11 anos ou mais de estudo. Segundo Pereira, normalmente são pessoas que ingressaram no mercado de trabalho ou começaram a procurar emprego para complementar a renda familiar. Com a melhora da economia, esta ajuda não se fez mais necessária. Entre os ocupados que se tornaram inativos, a maior parte é mulher e cerca de 30% têm mais de 50 anos.
Em outubro, na comparação com setembro, houve um aumento de 1,3% no número de trabalhadores com carteira de trabalho assinada. Em relação a outubro do ano passado, o aumento foi ainda mais expressivo, de 3,6%. Os trabalhadores formais representam 39,3% da população ocupada.
Já os trabalhadores sem carteira permaneceram estáveis e representam 16% da população ocupada. Por sua vez, os trabalhadores por conta própria representam 20,2% da população ocupada, também ficando estável em relação ao mês anterior.
Sem dinheiro no bolso
Estimado em R$ 900,20, o rendimento médio do trabalhador brasileiro caiu 1,2% em outubro, na comparação com setembro, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE.
Segundo a pesquisa, a queda na renda foi motivada pelo aumento, no mês passado, de 6,6% nas contratações na construção civil, setor que tradicionalmente tem baixa remuneração. O rendimento médio da construção civil é de R$ 657,20. De setembro para outubro, o rendimento caiu 4,5%.
A entrada de trabalhadores temporários na indústria também contribuiu para a queda nos rendimentos.
De acordo com Pereira, os meses de novembro e dezembro costumam ser beneficiados pelo aumento nas contratações no comércio. Com isso, a expectativa é de que a contribuição deste segmento, estável em outubro, cresça. Apesar disso, ele não descarta uma eventual queda na renda com a hipótese de aumento das contratações de temporários.
Além disso, regiões como Salvador, Recife e Rio de Janeiro deverão ser beneficiadas, no comércio e no turismo, com a chegada do período de férias.