Rio (AE) – A taxa de desemprego aberto do País (considerando as pessoas que procuraram vaga na semana em que o levantamento foi feito, mas não encontraram) ficou em 7,4% em outubro, praticamente estável em relação a setembro (7,5%) mas mantendo-se bem superior à taxa de outubro do ano passado (6,6%). Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média deste ano, até outubro, é de 7,3%.

A expectativa de analistas de mercado é de que a taxa de desemprego no ano fique em torno de 7,5%. Em 1994, início do primeiro mandato do atual governo, a taxa foi de 5,1%. A avaliação da analista do Departamento de Emprego e Rendimento do IBGE, Shyrlene Ramos de Souza, é de que a situação do mercado de trabalho “melhorou um pouco” em outubro nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, apesar do crescimento da taxa na comparação com outubro de 2001.

O argumento é de que no período houve um aumento de 2,2% no total de ocupados (pessoas trabalhando), ou seja, um ingresso de 381 mil pessoas no mercado entre outubro de 2001 e outurbo deste ano. “Não se pode analisar o mercado de trabalho apenas pela taxa de desemprego. A taxa continua alta, mas a situação do mercado melhorou um pouco”, disse Shyrlene.

Entre janeiro e outubro, na comparação com igual período do ano passado, a ocupação cresceu 1,8%, enquanto a população desocupada aumentou 22%. A informalidade também cresceu no período, com variação de 4,1% na ocupação dos trabalhadores sem carteira assinada, enquanto a ocupação com carteira cresceu bem menos (1,9%).

No que diz respeito aos setores de atividades, a ocupação permaneceu praticamente estável no decorrer do ano na indústria (0,1%) e cresceu apenas em comércio (2,5%) e serviços (2,9%). Houve queda significativa no período do número de ocupados na construção civil (-6,9%).

Renda

O rendimento médio dos trabalhadores caiu pelo 21.º mês consecutivo em setembro – a pesquisa de renda tem defasagem de um mês em relação a de emprego – na comparação com igual mês do ano anterior, segundo divulgou ontem o IBGE. Houve queda de 2,2% na renda ante setembro de 2001 e redução de 0,4% em relação a agosto. As seguidas quedas na renda desde janeiro de 2001 estão corroendo os ganhos obtidos desde o início do Plano Real. O aumento acumulado na renda das pessoas ocupadas desde julho de 94 até setembro deste ano caiu para 11%, ante os 14% acumulados até maio.

A analista do departamento de emprego e rendimento do IBGE, Shyrlene Ramos de Souza, disse que a queda no rendimento vem ocorrendo porque a taxa de desemprego permanece elevada, a economia tem apresentado taxas reduzidas de crescimento e os trabalhadores estão “sem poder de barganha” diante de um verdadeiro exército de reserva à procura de uma vaga no mercado. “O aumento da inflação também corrói os ganhos”, lembrou Shyrlene.

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