Lima – O desemprego médio na América Latina chegou a 10,7% em 2003, seu pior nível histórico, em um mercado afetado pela volatilidade macroeconômica da região, advertiu ontem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O presidente do BID, Enrique Iglesias, afirmou em Lima que “no ano passado a taxa média de desemprego na região foi de 10,7%, o maior nível registrado até agora, superando os 15% em vários países”. “Nossas economias não tiveram um desempenho satisfatório e, certamente, a persistência do elevado nível de desemprego é uma das causas principais do descontentamento com as reformas econômicas na América Latina e Caribe”, reconheceu.

Durante a sessão de abertura da 45.ª Assembléia de Diretores do BID, Iglesias advertiu que um dos desafios é reincorporar à economia formal os trabalhadores levados para a informalidade pelas leis de mercado. O paradoxo é que a própria dinâmica de um mercado em crise provoca estas situações de desemprego e crescimento da informalidade. “Apesar da legislação trabalhista buscar proteger os trabalhadores da insegurança causada pelo vai-e-vem da economia, a mesma tem em geral o efeito perverso de desencorajar o emprego permanente na economia formal”, advertiu Iglesias.

“Devemos eliminar estes elementos que desencorajam e criar mecanismos de informação e capacitação que estimulem a flexibilidade nos mercados de trabalho”, afirmou esta autoridade do BID diante de um auditório lotado por cinco mil pessoas, entre elas ministros da Economia, diretores do Banco Central de 26 países da região e funcionários de 18 países industrializados de fora da região.

O BID afirmou, em um documento sobre os mercados de trabalho na América Latina, que o desemprego aumentou consideravelmente e é maior entre as trabalhadoras jovens e com qualificação média das cidades.

Alertou sobre a pouca cobertura da previdência social, classificando-a como rara na América Latina, o que torna o desemprego um luxo ao qual poucos podem se dar. Menos da metade dos trabalhadores na região recebem indenização quando são demitidos e os desempregados têm poucos recursos e serviços que os ajudem a buscar emprego, advertiu.

Na Argentina, 81% dos desempregados que conseguem recolocação ocupam postos que não têm cobertura da previdência social. No México, este número chega a 62%. O informe ressalta que os trabalhadores, depois de perder o emprego, são obrigados a aceitar salários consideravelmente menores e trabalhar em postos que não correspondem aos seus méritos e experiência.

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