Apesar de ter atingido em março a mínima histórica de 5%, segundo divulgou na semana passada o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego foi citado como o principal fator responsável pela inadimplência no primeiro trimestre de 2014. É o que mostra a Pesquisa Perfil do Inadimplente, realizada com 1.016 pessoas inadimplentes entre os dias 10 e 16 de março pela Boa Vista Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), divulgada nesta quarta-feira, 23, em São Paulo.

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Segundo o diretor de Marketing e Sustentabilidade da Boa Vista, Fernando Cosenza, apesar do baixo nível de desemprego, há ainda uma grande rotatividade no emprego entre os trabalhadores com baixa renda e pouca qualificação. Esse é, de acordo com o executivo, motivo de incertezas em relação à condução da economia do País. “Como a rotatividade do emprego é grande nas classes de menor renda e elas não têm uma poupança para os períodos de desemprego, aumentam as incertezas com relação à condução da economia”, disse.

Mas esse mesmo consumidor, ainda que inadimplente, tem estado otimista em relação às suas finanças pessoais. E isso, de acordo com o diretor da Boa Vista, está relacionado ao melhor planejamento financeiro das famílias. O porcentual dos otimistas cresceu 6 pontos na passagem do quarto trimestre de 2013 para o primeiro trimestre de 2014, de 47% para 53%. Essa percepção, de acordo com Cosenza, é maior na classe B (56%) e nas classes D e E (51%).

Outro ponto que merece destaque na pesquisa diz respeito ao aumento da cautela do consumidor inadimplente. 73% dos entrevistados disseram durante o levantamento que tinham planos de quitar totalmente o valo devido em até 15 dias e 70% afirmaram que não pretendem fazer compras nos próximos meses. No geral, a inadimplência recuou 5% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o último trimestre de 2013 e cresceu 2,4% na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.

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O segundo motivo mais apontado pelos entrevistados como responsável pela inadimplência foi o descontrole financeiro, com 21%. A pesquisa apontou ainda que “emprestar o nome” foi causa de negativação do CPF para 10% dos consumidores ouvidos. Quando é feita a divisão por gênero, verifica-se que os homens têm sido mais prudentes quanto a emprestar seus nomes. Apenas 8% dos homens ouvidos na pesquisa tiveram seus nomes arrolados na lista de inadimplentes por conta de outras pessoas, enquanto o porcentual das mulheres é de 13%.

O levantamento da Boa Vista SCPC mostra também que a maioria dos consumidores entrevistados (22%) afirma que a dívida vencida e não paga decorre da aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Em seguida vieram as compras destinadas a alimentação (19%) e vestuário e calçados (15%). Chamou a atenção na pesquisa o fato de 18% dos entrevistados, mesmo com restrição no SCPC, terem se declarado não endividados. Segundo Cosenza, isso ocorre porque os consumidores não conceituam dívida atrasos no pagamento de contas de serviços correntes, como luz e água.

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O economista da Boa Vista, Flávio Calife, espera que a inadimplência siga estável ao longo deste ano e cita como condicionante da estabilidade esperada o aumento da taxa de juros e a moderação do mercado de trabalho.