O custo do desemprego para as contas do governo federal já está superando aquele que seria imposto por um aumento maior do salário mínimo, como os R$ 275 aprovados pelo Senado. De acordo com as projeções da área econômica, o gasto do Ministério do Trabalho e Emprego com o pagamento do seguro-desemprego para 5,2 milhões de brasileiros chegará a R$ 7,7 bilhões até o fim do ano, quase 50% superior ao valor despendido em 1994, enquanto o reajuste do mínimo custa cerca de R$ 2,1 bilhão para cada R$ 15.
Somente no primeiro trimestre de 2004, 1.296.991 pessoas requisitaram o seguro, que pode se estender por até cinco meses, dependendo do tempo de serviço no último emprego anterior à demissão. Criado em 1986, o benefício atende majoritariamente (86,11%) trabalhadores que ganham até três salários mínimos.
Ao contrário do apontado por muitos analistas de finanças públicas, entretanto, o ritmo acelerado de crescimento dessa despesa não se deve primordialmente ao aumento do salário mínimo, que serve de referência para a tabela de cálculo do benefício. Nos últimos dez anos, o valor médio do salário mínimo aumentou aproximadamente 12,8%, enquanto o número de desempregados que usufruem do seguro cresceu 29%, afetando negativamente as contas públicas.
Segundo ele, o aumento do salário mínimo pressiona para cima as despesas do governo, como benefícios previdenciários e assistenciais, mas também tem um papel indutor do mercado de consumo, especialmente o de baixa renda, o que favorece o aquecimento da economia, incrementa a arrecadação federal e compensa parcialmente o maior gasto público.
Os números do Ministério do Trabalho indicam que, caso o número de desempregados não tivesse crescido desde 1994, o governo poderia estar economizando pelo menos R$ 1,8 bilhão anuais com o pagamento do seguro, o que praticamente equivale ao custo dos R$ 15 a mais no salário mínimo aprovado pelos senadores. Por outro lado, os R$ 3,8 bilhões que seriam injetados na economia tanto pelo setor público quanto privado com esse aumento adicional do salário mínimo poderia gerar cerca de 200 mil novos empregos.