A taxa de desemprego no trimestre encerrado em setembro atingiu 14,6%, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta (27). É a maior marca da série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, que calcula a desocupação oficial do país desde o início em 2012.
Em termos absolutos, eram 14,1 milhões de pessoas em busca de uma vaga de trabalho. Em comparação com o segundo trimestre, houve um aumento de 1,3 milhão de pessoas. A alta representa um aumento de 10,2% frente ao trimestre anterior e de 12,6% em relação mesmo trimestre de 2019, quando 12,5 milhões declararam estar em busca de uma colocação.
Setembro foi o primeiro mês em que o valor do auxílio emergencial caiu para R$ 300. Em agosto, segundo especialistas, a perspectiva de redução do benefício já pressionava a taxa de desemprego no país.
Mais uma vez, outros parâmetros da pesquisa atingiram patamares inéditos, o que indica que o quadro real do desemprego no país pode ser bem pior do que o mostrado pela taxa oficial de desocupados.
Os desalentados, ou seja, que desistiram de procurar emprego por acreditarem que não vão encontrar uma vaga, somam agora 5,9 milhões, um recorde, e aumento de 3,2% (183 mil pessoas) na comparação com o trimestre anterior.
Analisando o desalento do mesmo período do ano passado, o quadro é ainda pior: alta de 24,7% (1,2 milhão de pessoas).
Os subutilizados trabalham menos horas do que gostariam subiram 3,9% (1,2 milhão) frente a junho e agora são 33,2 milhões de brasileiros. Comparando com o mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 20,9% (5,7 milhões).
A população ocupada também atingiu o patamar mais baixo da série histórica, com 82,5 milhões de brasileiros, queda de 1,1% (880 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 12,1% (11,3 milhões) com a mesma época do ano passado.
O nível de ocupação taxa que calcula a proporção de pessoas ocupadas dentro da população em idade de trabalhar também foi o mais baixo da série, chegando a 47,1%, queda de 0,8 ponto percentual quanto a junho e 7,7 p.p. frente a setembro de 2019.
A população fora da força de trabalho também atingiu o maior nível da série: são 78,6 milhões de brasileiros, 785 mil a mais que o trimestre anterior e 13,7 milhões frente ao mesmo trimestre de 2019.
Os indicadores do mercado de trabalho apresentam uma reação mais lenta aos efeitos da pandemia de Covid-19, que eclodiu em março no Brasil.
As medidas de isolamento social, adotadas para evitar a disseminação da doença, impuseram o fechamento de comércio e serviços, setores que mais empregam na economia brasileira.
Em paralelo, o governo adotou o pagamento do auxílio emergencial, num primeiro momento de R$ 600, para repor as perdas especialmente de trabalhadores informais.
Como as pessoas não foram em busca de emprego nesses momentos, a taxa de desemprego não refletia a real situação do mercado. Com a reabertura nos últimos meses e a redução do benefício, os indicadores passaram a retratar melhor a situação do mercado de trabalho.