O relatório do banco Credit Suisse sobre a macroeconomia brasileira traz um dado preocupante: setores considerados mais produtivos demitem mais do que os menos produtivos. Essa dinâmica vai puxar para baixo a produtividade do trabalho no Brasil, que já está muito aquém do adequado, e levar a uma mudança estrutural para pior. “Isso vai fazer com o que Brasil cresça menos no médio e no longo prazos”, diz Leonardo Fonseca, economista do banco que coordenou o relatório.
Segundo Fonseca, a análise mais acurada das demissões deixa claro que setores de alta produtividade, como imobiliário, intermediação financeira e serviços de informação, foram mais ágeis em se ajustar à recessão. “Setores mais produtivos demitiram mais gente”, diz.
Nos setores menos eficientes da economia, o que se vê é o inverso. As demissões foram graduais. Em alguns casos, como administração, saúde e educação pública, os cortes nem foram feitos.
O relatório destaca que setores mais produtivos têm uma participação menor no mercado de trabalho e, portanto, menor influência no comportamento do emprego.
No entanto, os setores mais eficientes fazem enorme diferença sobre a capacidade da economia como um todo crescer. Um número menor de pessoas em áreas mais produtivas e um número maior em áreas menos produtivas puxa para baixo a produtividade total. “Isso indica que a atual recessão vai ter um impacto permanente sobre a capacidade de o País crescer no futuro”, diz Fonseca. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.