Desemprego atinge os mais escolarizados

Os brasileiros com mais de oito anos de estudo, os jovens e as mulheres têm sido os grupos mais afetados pelo desemprego nos últimos anos. Os dados fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais de 2003, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A entrada de jovens e mulheres no mercado de trabalho para contribuir com o sustento da família ou para custear os estudos é o fator causador dessa disparidade. A taxa de desemprego do país sofreu um ligeiro aumento em relação a 2002, fechando o patamar de 9,7%. Esse índice foi influenciado especialmente pela procura feminina por trabalho, cuja taxa foi de 12,3%, cerca de 4 pontos percentuais superior à dos homens. Entre os jovens de até 17 anos, a taxa de desemprego chegou a 19%. Para os de 18 a 24 anos, o percentual ficou em 18%.

Se no passado, diploma chegou a ser sinônimo de emprego, as pesquisas dos últimos anos reforçam a tendência de que as vagas para a mão-de-obra mais qualificada estão escassas. A taxa de desemprego entre os mais escolarizados chegou a 11,3%, um aumento de quase 1 ponto percentual em relação ao ano anterior. De acordo com o instituto, o ?fenômeno do desemprego tem um componente estrutural no que se refere à geração de postos de trabalho mais qualificados?.

A situação está sujeita a mudanças de acordo com as diferentes regiões do país. No Sul, o problema ganha contornos mais suaves, com uma taxa de desemprego inferior à média nacional para os mais escolarizados, de 7,8%. No Norte, encontrar emprego com diploma de terceiro grau parece mais difícil, a taxa chega a 12,6%.

Mulheres

As mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho, acumularam mais anos de estudos e ainda assim recebem uma remuneração média cerca de 30% menor do que os homens. Segundo o IBGE, isso se deve às características de inserção das mulheres no mercado de trabalho. Elas costumam concentrar sua atuação no setor de serviços e em ocupações pouco qualificadas e de baixa remuneração. A trajetória profissional das mulheres também costuma ser marcada pela menor ocupação de cargos de comando ou chefia.

E não é por falta de estudo que elas ainda ganham menos. Em 2003, a Síntese dos Indicadores Sociais revela que elas estudam em média 7 anos, enquanto os homens, 6,8 anos. Além disso, as transformações socioeconômicas decorrentes da entrada da mulher no mercado de trabalho e a maior contribuição para a provisão da renda familiar fizeram com que as mulheres aumentassem a busca por um grau de escolaridade maior.

Rendimento caiu

Segundo o IBGE, o rendimento médio da população ocupada caiu 7,5% em 2003 em relação ao ano anterior, sendo um pouco mais acentuada para a população feminina ocupada (8,0%). Os trabalhadores sem carteira e os militares e estatutários foram os grupos que obtiveram as maiores perdas de rendimento em relação a 2002, 9,4% e 9,0%, respectivamente. O rendimento dos empregados com carteira e empregadores tiveram a mesma taxa de redução (7,9%), seguido dos trabalhadores por conta própria com 6,4% e a menor queda foi evidenciada para os trabalhadores domésticos com 4,5%. No Paraná, o rendimento médio de um trabalhador foi de R$ 767,50 -um pouco acima da média nacional, que foi de R$ 692,10.

Aptos ao trabalho

A proporção entre brasileiros aptos e não-aptos ao trabalho se tornou mais favorável nos últimos dez anos, segundo o IBGE. Em 2003, a população em idade ativa, que reúne pessoas de 15 a 64 anos, chegou a 51,1% de cada 100 pessoas. Em 1993, existiam 63,5 crianças e idosos para cada 100 pessoas em idade ativa.

Para o instituto, a mudança aponta para um maior peso relativo da população potencialmente envolvida em atividades produtivas e reflete as quedas das taxas de fecundidade e natalidade verificadas nas últimas décadas. 

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