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Desempregado leva quase um ano em busca de trabalho na Grande São Paulo

Há mais de um ano, Rosilene Soares tenta voltar ao mercado de trabalho. A auxiliar de limpeza, de 46 anos, era contratada de uma empresa que prestava serviço terceirizado em edifícios comerciais, em São Paulo. No meio da crise, ela ficou desempregada. Os quatro filhos ajudam nas contas catando material reciclável para vender.

“Antes, quem trabalhava direitinho tinha sempre emprego garantido, as agências ligavam para oferecer vagas. Agora ficou muito ruim, nem consigo ser chamada para entrevistas”, afirma, enquanto aguarda na longa fila de um dos Postos de Atendimento ao Trabalhador (PAT) da capital paulista. Para milhões de profissionais como ela, a peregrinação por agências de emprego virou rotina – com espera mais longa.

O tempo médio de busca por emprego na Grande São Paulo foi recorde no ano passado, chegando a 48 semanas – quase um ano. Mesmo após o fim da recessão, 2018 teve o pior resultado da série histórica da pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), empatado com 2004.

Sem chance. Nos últimos quatro anos, os dados mostram aumento do tempo em que o trabalhador está no desemprego aberto – quando além de não achar uma vaga formal, não consegue fazer “bicos”. Em 2014, antes da recessão e com o mercado de trabalho aquecido, a situação era diferente: o trabalhador ficava a metade do tempo, 23,5 semanas, nessa condição.

No dado mais recente, de março, a busca por uma oportunidade demorava 44 semanas.

Segundo Paula Montagner, economista da Fundação Seade, as pessoas que perdem o emprego e demoram para voltar ao mercado, em geral acabam dependendo de outros familiares para sobreviver. “Em 80% dos casos, as pessoas mais próximas acabam se virando para dar um suporte”, diz. “Outros dependem de doações de igrejas ou da comunidade, mas a situação é sempre muito precária.”

Para ela, mesmo se houver a volta dos investimentos, com a aprovação de reformas, ainda vai levar tempo para que o mercado de trabalho se recupere. “Ao se considerar as crises das décadas de 80 e 90, era possível observar que as medidas econômicas levavam de seis a oito meses para surtir efeito no emprego”, afirma. “Infelizmente, as pessoas já estão há muito tempo nessa condição.”

Já o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Luis Eduardo Assis diz que passou da hora de o governo transformar a geração de empregos em prioridade.

“Enquanto o governo aprende a fazer política, a economia se deteriora. Até agora, a massa sem trabalho espera pacientemente alguma medida, mas até quando vai esperar?”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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