Desempenho da indústria paranaense é marcado por oscilações

O desempenho da indústria paranaense desde a década de 90 tem sido marcado por oscilações. A constatação é do supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese-PR), Cid Cordeiro. Nesse período, revela, o desempenho industrial registrou desde alta de 11,87% (em 1993) até queda de 5,64% (dois anos depois, em 1995).

“Os piores momentos da indústria paranaense foram em 92, 95 e 2002”, aponta Cid, com quedas respectivas de 2,50%, 5,64% e 2,49% na produção. “O ano de 92 foi o período de recessão vivido pelo Brasil, no governo Collor. Em 95, a indústria sofreu com a valorização do real, a abertura indiscriminada da economia e a concorrência de produtos internos. Já 2002 foi o período eleitoral, com oscilação grande do dólar, da Bolsa, que afetou o desempenho da indústria. Foi um período de vulnerabilidade”, destaca.

Já o bom desempenho da indústria paranaense, nos anos de 93, 94 e 97 – com alta de 11,87%, 9,09% e 5,70%, respectivamente -, deve-se sobretudo ao aumento da exportação (anos de 93 e 94), crescimento do mercado interno e aumento da renda das famílias – este último, sobretudo em 97.

Outra característica da indústria paranaense, aponta, é a concentração tanto no quesito produção quanto mão-de-obra. “A gente observa que há grande concentração da indústria química – especialmente por conta da Petrobras – e de alimentos. Os dois gêneros representam, sozinhos, quase 50% da produção paranaense”, afirma. Esse perfil, observa Cid, tem-se mantido o mesmo há pelo menos uma década. “Ao longo desse tempo houve pouca alteração”, diz, lembrando que em 93, os dois setores respondiam por 54,08% da produção industrial paranaense, enquanto em 2003, por 52,58%.

Outros setores que apresentaram crescimento de produção ao longo de dez anos foram minerais não-metálicos (de 4,94% para 5,31%), metalúrgica (de 2,97% para 3,51%), mecânica (de 5,12% para 8,18%) e madeira (de 6,90% para 7,51%). Já as quedas ficaram por conta do gênero material elétrico e de comunicações (de 6,05% para 3,60%) matérias plástica (de 1,50% para 0,98%), têxtil (de 3,19% para 1,13%) e vestuário, calçados de artefatos e tecidos (de 1,84% para 0,70%).

Emprego industrial

Em relação ao emprego, dados do Ministério do Trabalho indicam que em dez anos -de 1992 a 2002 -, o número de trabalhadores na indústria paranaense saltou de 278 mil para 430 mil, ou seja, aumentou 152 mil postos de trabalho, o que representa incremento de 55%. “É um percentual bom, mas se não fossem as oscilações do desempenho industrial, a questão cambial, os juros, o emprego estaria em outros patamares”, acredita Cid Cordeiro. Segundo ele, a indústria paranaense tem perfil próprio e o dinamismo está relacionado a questões macroeconômicas e não locais.

Segundo o economista, assim como a produção está concentrada em determinadas atividades industriais do Estado, também o emprego segue a mesma tendência. “Em 92, os três setores que mais empregavam eram o de alimentos e bebidas (24,34% do total), madeira e mobiliário (17,10%) e indústria têxtil do vestuário (13,24%). Dez anos depois, a concentração que já era de 49% passou para 55%”, revela.

Os últimos dados, de abril de 2004, dão conta que o número de trabalhadores empregados na indústria paranaense chega a 446.000 – quase 27% do emprego formal no Paraná, que é de 1.627.000 trabalhadores com carteira assinada.

Para Cid Cordeiro, a concentração tanto de produção quanto de mão-de-obra em determinados setores é negativa. “É importante diversificar, considerar fatores como valor adicionado, geração de emprego e geração de renda para se pensar na perspectiva da indústria paranaense”, aponta. Segundo ele, é importante que o Paraná esteja atento aos rumos tomados pelo governo federal para aproveitar as oportunidades que surgem.” “Em nível regional, é importante que haja fóruns entre trabalhadores, classe empresarial e governo para tornar a indústria mais produtiva, competitiva, com melhores salários e mais emprego”, conclui o economista.

Perspectivas de crescimento

As indústrias paranaenses comemoram o seu dia hoje com expectativa de um crescimento de 1,9% no faturamento para o ano. O índice é projetado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O resultado, ainda que tímido, é considerado positivo pelo setor, que no ano passado teve queda de 12% no faturamento. “A federação vem estimulando a inovação tecnológica e o desenvolvimento de pessoal para ampliar a produtividade. São áreas em que o empresariado pode agir independente da política econômica do governo”, diz o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures.

Com esta política, a Fiep possibilita que as empresas fiquem ainda mais competitivas. Dados recentes mostram que a indústria paranaense tem o melhor desempenho na produção, depois do Espírito Santo e Rio de Janeiro, que registram saltos por causa dos novos poços petrolíferos. De 2001 a 2003, a produção industrial do Paraná cresceu 9,5% contra 4,5%, da média nacional.

Somente no começo do ano, a indústria paranaense cresceu 9,5%, diante de 6% da média brasileira, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Hoje o parque industrial paranaense responde por US$ 30 bilhões do PIB estadual, 35% da atividade econômica do Estado e 60% da pauta de exportações, que beira a três mil itens. O setor mais forte da economia é o de Alimentos e Bebidas (33,57%), seguido de Produtos Químicos (12,72%)

Tecnologia

Dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) mostram que o setor industrial do Paraná está entre os que mais captaram recursos em projetos. Nos últimos dez anos, foram quase R$ 3 bilhões.

O resultado é que há perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto gerado pelo setor industrial. Até o fim de 2004, a estimativa do Departamento Econômico da Fiep é que o parque industrial paranaense responda por US$ 30 bilhões do PIB estadual.

Rocha Loures avalia que as indústrias paranaenses estão descobrindo a importância do mercado internacional. Atualmente, as exportações paranaenses respondem 10% do que é exportado na pauta brasileira. Dos US$ 24,8 bilhões de superávit brasileiro em 2003, US$ 3,7 bilhões vieram dos ganhos da balança comercial paranaense. No ano passado, o Estado exportou US$ 7,1 bilhões, batendo recorde nas vendas internacionais.

No começo deste ano, a balança comercial paranaense tem mantido crescimento. Foram 20% a mais no quadrimestre, com um superávit de US$ 1,3 bilhão, de um total de US$ 2,4 bilhões exportados. Para se ter uma idéia do crescimento do superávit no quadrimestre, houve um salto de 35%.

As diversificações de mercado e de produtos exportados foram fatores preponderantes para que o setor industrial registrasse incrementos nas vendas internacionais. Também a maior comercialização de produtos industrializados e com maior valor agregado influenciaram nos bons resultados paranaenses. Hoje, cerca de 60% da pauta de exportação vêm da indústria.

APL

Para aumentar a produtividade das pequenas e médias empresas paranaenses, que hoje estão próximas de 27 mil indústrias no Paraná, a Fiep apóia a implantação de Arranjos Produtivos Locais (APL). Este sistema se caracteriza pela concentração de um grande número de empresas de um mesmo segmento que cooperam entre si.

O primeiro pólo que começa a ser implantado no Paraná é o do vestuário de Cianorte, que terá financiamento do BNDES. O modelo de produção integrada deve chegar ainda neste ano a outros três pólos. São eles: bonés, em Apucarana; móveis em Arapongas e portas e janelas em União da Vitória.

Comemorações

As comemorações da Fiep do Dia da Indústria foram organizadas para 1.º de junho, durante o próximo Fórum das Diretorias e Conselhos, no Cietep, em Curitiba. Na ocasião, os empresários José Aroldo Galassini, da Coamo, e Magrid Teske, da Herbarium, receberão as medalhas do Mérito Industrial do Paraná. O vice-presidente da Fiep, Cláudio Petrycoski, será homenageado com o Mérito nacional, concedido pela CNI. José Carlos Pisani vai receber a láurea a Honra ao Mérito. Durante o fórum será lançada a nova revista da Fiep – Observatório da Indústria. Este ano, a federação também comemora 60 anos de criação.

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