A Agência Internacional de Energia (AIE) se surpreendeu com a notícia sobre o megacampo de petróleo anunciado ontem pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) na Bacia de Santos e destaca que a descoberta "coloca o Brasil em um novo patamar no cenário internacional".
Segundo a AIE, a produção da nova reserva (chamada de Pão de Açúcar/Carioca) terá um importante impacto para o mundo. "Essa é uma grande notícia tanto para o Brasil como para o mercado de petróleo no mundo, principalmente diante dos altos preços", afirmou o embaixador William Ramsay, um dos dirigentes da agência com sede em Paris e o formulador por anos da política energética americana.
"O campo de Tupi já era uma grande descoberta. Isso agora, com uma capacidade cinco vezes maior, é surpreendente. Estamos falando de uma enorme descoberta", afirmou Ramsay, que já serviu como negociador no Congo, Arábia Saudita e em outros países produtores de petróleo.
Em sua avaliação, o governo brasileiro terá agora de tomar "algumas decisões muito estratégicas". "Em primeiro lugar, o Brasil terá de decidir quanto vai querer investir no campo. Não será nada barato e o governo, a Petrobras e a sociedade terão de tomar decisões sobre qual será a conta que estão dispostos a pagar. Isso determinará o ritmo dessa nova produção para o mundo", afirmou.
Opep
O embaixador americano, porém, espera que o Brasil não tome a decisão de aderir à Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). "Espero que, no Brasil, a razão prevaleça e que o governo não tome a decisão de seguir por esse caminho", afirmou Ramsay. Para a AIE, a entidade deve ser considerada como um cartel e que não ajuda no desenvolvimento da produção do petróleo no mundo.
"A descoberta de enormes reservas não precisa significar a mudança para um caminho que não vai ajudar a ninguém, nem ao Brasil e nem ao mundo", disse.
