O sudoeste do Paraná representa um futuro promissor para os descendentes de imigrantes italianos que residem na região e também para os que retornaram à Itália em busca de trabalho e agora querem voltar por causa do desemprego provocado pela crise econômica mundial. Calcula-se que estão naquele país cerca de 10 mil pessoas dos 43 municípios do sudoeste paranaense – a maior parte é da cidade de Pato Branco.
Segundo o delegado regional da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Paraná, Pedro Mezzomo, a maioria desses imigrantes foi para o Norte do país, na região de Vêneto. Devido à baixa escolaridade, eles trabalham principalmente como empregados domésticos e na construção civil, como pedreiros e carpinteiros.
Mezzomo disse que é impossível calcular o número exato de pato-branquenses que estão na Itália. “Alguns arriscam que são cinco mil pessoas, de uma população de cerca de 70 mil habitantes, mas é mera especulação”, avalia.
A diretora de Cultura do Círculo Cultural Ítalo-Brasileiro de Pato Branco e professora do Centro de Cultura Italiana Paraná e Santa Catarina, Neusa Maria Davoglio, adiantou que está sendo criado um banco de dados para reunir, em um único local, todas as informações referentes à Itália. Esse acervo deverá facilitar o intercâmbio cultural entre o Paraná e aquele país europeu, além de subsidiar os acordos comerciais.
Para Mezzomo, o regresso dos imigrantes ao Brasil está acontecendo gradativamente e não se tem conhecimento de um grande movimento nesse sentido. “O que sabemos ao certo é que muitos empresários italianos estão deixando de investir em seu país e buscando acordos comerciais com o Paraná. Muitas obras estão paralisadas por lá e o Brasil aparece no cenário internacional como país promissor para quem disponha de capital para investir.”
Ele destacou também a importância das parcerias para o desenvolvimento local. Segundo Mezzomo, há consenso no meio empresarial de que 2011 será o “ano da Itália no Brasil”, com o incremento nas relações culturais e comerciais entre os dois países. “Estamos realizando várias rodadas de negociações envolvendo empresas italianas e paranaenses.”
Outro aspecto é que o governo italiano investe muito na formação profissional dos trabalhadores residentes em países fora da União Européia. “No próximo dia 15 vamos assinar, em Florianópolis, um contrato para trazer tecnologia na área de alimentação. São recursos do Ministério do Trabalho, Saúde e Políticas Sociais da Itália para cursos em Santa Catarina e Curitiba, com duração de 12 meses”, explicou Mezzomo. Segundo ele, há investimentos significativos na área de educação, inclusive bolsas de estudos gratuitas para doutorado.
O Paraná tem grande interesse em buscar parcerias na área tecnológica. Dados da Federação das Indústrias do Paraná mostram que os distritos na Itália contam com mais de 200 mil empresas, que representam 27% do Produto Interno Bruto, 42% dos empregos gerados e 47% das exportações. Existem 20 regiões e 145 distritos industriais na Itália, 40% deles na região do Vêneto, que é a base originária dos italianos e seus descendentes que vivem no sudoeste paranaense.
O prefeito de Pato Branco, Roberto Viganó, garante que os pato-branquenses que retornarem da Itália não ficarão desocupados na cidade porque existe carência de mão de obra especializada para atender a demanda das novas indústrias que estão se instalando na região. Ou seja, aqueles que no passado deixaram a cidade por falta de trabalho agora são necessários à economia local.
Viganó lembra que, neste ano, Pato Branco sempre esteve entre os dez primeiros municípios do Paraná em geração de empregos, conforme números do Ministério do Trabalho. Uma pesquisa realizada pela prefeitura mostra que 82% dos entrevistados estão empregados e 89,6% afirmaram ser felizes.
“O município sempre levou em conta as necessidades e prioridades da população ao criar programas de governo”, comenta o prefeito, citando os programas Mãe Pato-branquense, Tecendo Vidas, Casa Abrigo Esperança, Inclusão Social e Batucação. Este último é um projeto que envolve crianças e adolescentes, motivados a tocar instrumentos de percussão. O aprendizado acontece em período extra escolar.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) pode ser parceiro da prefeitura na recepção aos que retornarem da Itália. Segundo Cristiano Machado, do Sebrae local, a exemplo do programa elaborado para auxiliar os dekasseguis [estrangeiros que trabalham no Japão] a se recolocarem no mercado, há expectativa de que seja criado um projeto semelhante para a comunidade italiana. A ideia é planejar adequadamente o retorno ao Brasil e orientá-los a empregar o capital trazido do exterior em um negócio próprio, explicou.