O vazamento de petróleo no Golfo do México pode colocar em risco o crescimento da produção em águas profundas no Brasil, Angola e Nigéria, disse hoje a Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris. A entidade afirma, entretanto, que ainda não há evidências de que a concessão de licenças nesses países será afetada. A AIE estima que as três nações devem trazer oferta adicional de 550 mil barris de petróleo por dia (bpd) entre 2009 e 2015, como resultado da exploração em águas profundas.

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Conforme a entidade, o desastre ambiental nos Estados Unidos, resultado da explosão de uma plataforma da britânica BP, leva diversos países a examinarem os procedimentos adotados na produção e nos mecanismos de segurança. Além dos EUA, essa revisão acontece no Brasil, Canadá, Reino Unido, Noruega e China. O Reino Unido, por exemplo, irá dobrar a frequência das inspeções das instalações em alto-mar (offshore). A Noruega indicou que vai aplicar as “lições aprendidas” do vazamento nos EUA. Segundo a AIE, o Canadá já apertou a regulamentação para exploração em águas profundas.

Para a agência, trata-se “inquestionavelmente de uma tragédia humana e um grande golpe para o ecossistema e a economia local” do Golfo do México. “A forma como os projetos são aprovados, operados e regulados será, com certeza, totalmente examinada e potencialmente aperfeiçoada”, diz o relatório mensal da AIE, divulgado hoje.

O governo de Barack Obama impôs uma moratória de seis meses para novas perfurações na área. Como ilustração, a AIE calcula que um atraso entre um e dois anos dos novos projetos no Golfo do México resultaria em redução de 100 mil a 300 mil bpd na produção até 2015. Como há diferenças regulatórias entre os países, a agência diz que não é possível fazer uma extrapolação desse impacto para outras regiões.

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O real efeito de longo prazo do vazamento sobre a produção offshore mundial dependerá, entretanto, das causas do acidente – se resultado de negligência da empresa ou, mais grave, de falha dos atuais procedimentos operacionais, o que representaria impacto maior sobre o setor, avalia a entidade.

A AIE lembra que, após o acidente de 1988 na plataforma de Piper Alpha, no Mar do Norte, o Reino Unido adotou novos procedimentos operacionais e separou as atividades de regulação, concessão de licenças e segurança, um caminho que os EUA agora estão seguindo, embora atrasados. Mesmo assim, a produção de novos campos offshore prosseguiu após o desastre e gerou oferta adicional de 300 mil bpd.

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Combustíveis

A demanda por combustíveis continua disparando no Brasil, aponta a AIE. O consumo de gasolina e querosene de aviação avançou 11% e 14,7%, respectivamente, no País em abril. A entidade estima que a demanda brasileira avançará 4,8% neste ano, com aumento do consumo em 125 mil barris de petróleo por dia, bem acima da alta de 1,4% registrada em 2009. A agência lembra que os indicadores brasileiros mostram força e o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 9% no primeiro trimestre, na base anual. Tanto que há preocupações com o superaquecimento da economia e a alta da inflação, nota a AIE.