Desafio é aproveitar investimentos estrangeiros, avalia presidente do BC

Rio de Janeiro – O maior desafio do Brasil hoje não é superar a carência de capital, mas tirar proveito do volume crescente de investimentos externos diretos, avaliou nesta segunda-feira (8) o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Segundo ele, nos últimos tempos, a disponibilidade de investimentos aumentou de forma mais rápida do que a existência de projetos capazes de absorver o fluxo de recursos estrangeiros.

Em seminário a empresários da Câmara de Comércio Americana, no Rio de Janeiro, Meirelles afirmou que tanto o setor público como o setor privado precisam desenvolver cada vez mais estratégias para receber e dar destino os recursos internacionais. ?Está na hora de todos começarmos a pensar que o problema do Brasil é projeto?, declarou. ?Eu vejo muitos investidores, inclusive institucionais, em busca de projetos.?

Para o presidente do BC, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) representa um grande esforço do governo federal nesse sentido. Ele, no entanto, ressaltou que a elaboração de projetos nem sempre é rápida porque exige a mobilização de dinheiro e de pessoal qualificado. ?Nada acontece do dia para a noite. Tudo exige um processo de maturação?, disse.

A escassez de projetos, afirmou Meirelles, é resquício dos desequilíbrios econômicos que, por décadas, afastaram os investidores externos do país. ?Quando havia uma crise, o Brasil tinha de frear para resolvê-la, o que gerava muita incerteza?, destacou. ?À medida que a inflação é controlada, a dívida pública cai e as reservas internacionais superam os US$ 160 bilhões, o Brasil emerge como um pólo de alta atração para investimentos.?

Segundo o presidente do BC, os investimentos estrangeiros diretos líquidos (que criam empregos no Brasil)atingiram, nos últimos 12 meses, US$ 37,5 bilhões.

Meirelles afirmou ainda que o crescimento da demanda doméstica, provocado pelo aumento da renda, do emprego e do crédito, tem tornado o Brasil menos vulnerável às turbulências da economia internacional. ?Isso cria uma perspectiva favorável de uma economia estabilizada com demanda crescente, mas as companhias e os investidores brasileiros não estão totalmente preparados para a nova realidade?, afirmou.

O diretor técnico do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), Luiz Carlos Barboza, afirmou que a falta de financiamento para as pequenas empresas contribuiu para a carência de projetos do setor privado. Ele, no entanto, afirmou que a organização dos Arranjos Produtivos Locais (APLs), que unem empresas de uma região com a mesma vocação econômica, aos poucos tem mudado essa situação e favorecido a obtenção de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

?Como o BNDES passou a dar mais importância aos financiamentos para os APLs, nós do Sebrae estamos incentivando mais as empresas e ajudando-as na preparação desses projetos de investimento?, afirmou Barboza. De acordo com o diretor do Sebrae, o interesse dos investidores estrangeiros nas pequenas empresas concentra-se na área de serviços, principalmente em informática e tecnologia da informação, além de indústrias que buscam aumentar a produtividade para enfrentar a concorrência com os produtos da China e da Índia.

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